A leitura é um hábito salutar não
só para a aquisição de conhecimento como também para a formação de opinião. O
problema é quando os consagrados meios de comunicação, responsáveis por nos
oferecer o cardápio escrito de cada dia, vem carregados por ideologias
distorcidas. Dessa forma corre-se o risco de formar opiniões distorcidas aos
leitores menos atentos.
Criticas a partes, a Editora
Abril traz um prato cheio de variadas leituras, e, é de longe o grupo editorial
que mais vende no Brasil. A revista Veja, principal víeis informativo político
desse grupo, está presente em todos os consultórios médicos, escritórios,
repartições e nas escrivaninhas de muitas casas. É a leitura semanal de muitas
pessoas. É também, a principal porta-voz
da elite de direita desse país.
Possui essa revista, no rol de
seus colunistas exímios articulistas, pessoas especializadas em transformar
duas linhas de bobagens em quatro páginas de bobagens. Quem não se enfadou com
as repetições dos textos que narraram a saga do mensalão? E agora o caso
Rosemary Nóvoa de Noronha? Precisamos sim das informações, mas a carga de
sensacionalismo que carregam esses textos é dispensável.
Vez ou outra, esses articulistas
que dão suas técnicas opiniões na política e na economia se metem a comentar,
como especialistas, a educação desse país, o problema é que o fazem não do
ponto de vista da educação como conhecedores de fato da realidade, mas como
economistas. Educação não é questão de economia. Não sei se por querer economizar
ou por querer manter a linha ideológica, o grupo da editora não contrata um
especialista em educação para fazer seus artigos.
Exemplo desse casos foram dois
artigos publicados na edição 2.299 – ano 45 – nº 50, de 12 de dezembro de 2012,
da revista veja. O primeiro deles é o texto OS LEGISLADORES E O VERBO DIVINO, do economista Claudio de Moura
Castro, no qual o autor se propõe a analisar a seguinte questão: quantos alunos deve haver em uma sala de
aula para que o aprendizado seja eficaz? O texto é uma crítica ao projeto
de lei em tramitação no Congresso Nacional que limita em 35 o número de alunos
em salas de aulas do no ensino médio. Para justificar seu ponto de vista,
contrário a essa proposta, o economista dá exemplo até de Harvard e Berkeley,
que em certas situações, nessas instituições, a aula é ministrada para até
1.200 alunos de uma vez. Ele diz ainda que “No Brasil, temos o exemplo dos
cursinhos, operando com salas enormes. Para a maioria dos alunos, é o melhor
ensino que jamais experimentarão”. Para
esse economista salas superlotadas é sinônimo de qualidade de ensino. Eu,
particularmente, não acho que o problema seja o número de alunos em uma sala de
aula, detesto dar aula em salas ociosas, onde sobram mais cadeiras vagas do que
alunos presentes, por outro lado, dificilmente se trabalha bem em uma sala
superlotada; o maior problema consiste no número de salas de aulas que o
professor assume para trabalhar. O segundo texto é o artigo EDUCAÇÃO PARA QUE? Do também economista
Gustavo Ioschpe. Nesse artigo, o renomado economista, de forma filosófica,
tenta descrever a função da educação. Nobre propósito esse não fosse outra a
especialidade dele. Seria como se tivéssemos um pedagogo publicando na Revista
Veja um artigo falando sobre a melhor forma de controlar a inflação no Brasil.
Que credibilidade teria aos olhos dos economistas? Um texto filosófico e até
poético foi o que ele conseguiu. Usa frases de efeito do tipo “...a boa escola, o bom professor, liberta
o aluno e faz com que ele possa desenvolver suas potencialidades e sonhos até
os limites impostos pelo ambiente.” não há como discordar. Mais na frente diz “Há diversas instituições
que podem contribuir para que uma pessoa atinja seu pleno potencial. A escola
é, disparado, a mais importante delas”. E diz ainda “A finalidade da vida é a felicidade, a plenitude. E é isso que nos é
roubado ao termos um sistema educacional tão incompetente: a cada dia, milhões
de brasileiros ficam mais e mais longe do limite de suas realizações, da concretização
de seus projetos. Quantos brilhantes escritores não estamos perdendo entre os
analfabetos funcionais que saem de nossas classes de português? Quantos futuros
médicos, advogados e engenheiros tiveram de sacrificar seus sonhos e viver uma
vida apequenada porque não conseguiram entrar em uma universidade? Milhões e
milhões, certamente”.
O segundo texto é bom e traz
reflexão, mas distorce a realidade assim como o primeiro. O economista Cláudio
Moura Castro erra por ver apenas uma forma de economizar, criar salões
abarrotados de alunos para terem aula, seria como, na interpretação dele, a
mesma coisa de termos uma sala lotada de pessoas para ouvir música, mesmo se
acotovelando poderão ouvira música. Para que criar mais escolas, para que criar
mais salas de aulas para ter que dividir os alunos em números de 35 por turmas?
O que precisamos é de professores competentes como os dos cursinhos. É o que si
lê nas entrelinhas do seu artigo. Gustavo Ioschpe erra quando põe no sistema
educacional somente a culpa pelo fracasso escolar de milhões de estudantes.
O Brasil possui um problema
crônico que se não for resolvido nada terá êxito na educação ou em qualquer
setor que seja. Esquemas que são criados nos governos que desviam os recursos
destinados as melhorias de trabalho do professor, da servente, do vigia.
Recursos que deveriam estar beneficiando os alunos vão para contas em paraísos
fiscais, ou transformam-se em gados nas fazendas de secretários e seus
adjuntos, ou em camionetes de luxo.
Marabá não foge da realidade do Brasil.
Basta olharmos as planilhas de prestações de contas dos recursos do FUNDEB que
vamos ver inúmeras situações que se houvesse investigações sérias os
responsáveis iriam para a cadeia. São coleções de livros adquiridos a preços
milionários. Escolas pintadas ou reformadas com valor de construir duas ou
mais. Pagamento de empresas para transporte escolar que não é oferecido. E
mais, alunos sendo dispensados por não haver merenda, enquanto que os recursos
vêm. Secretário que vendia açaí, de porta em porta, hoje deixa o cargo dono de
frota de carro financiado e alugado para a mesma secretaria com preços que
quitam as prestações e ainda sobra para o gasto. Vamos abrir o lho meu povo
para que esses esquemas não se perpetuem na nossa Secretaria Municipal de Educação.
O meu maior desejo é que as pessoas realmente quisessem abrir os olhos. Mas infelizmente isso não acontece em Marabá, e, se isso acontece, mas há muito distanciamento entre ambos e os protestos nunca são unificados.
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