terça-feira, 11 de junho de 2013

REDAÇÃO DO ENEM TRABALHANDO A COMPETÊNCIA I (AULA 2)

Nessa segunda aula sobre os aspectos a serem avaliados na Competência I da redação do ENEM, faremos uma revisão sobre o seguinte  conteúdo gramatical: Sintaxe de concordância. (CLIC PAR VER A AULA 1)

UMA REFLEXÃO PRIMEIRA
Antes de entrarmos diretamente nessas normas e nomenclaturas gramaticais, quero chamar a atenção ao que adverte ANTUNES[1] para o que ela chama de “Terceiro equívoco”, ao se ministrar aulas de português.

O TERCEIRO EQUÍVOCO diz respeito à confusão entre regra gramatical e nomenclatura gramatical. Quando alguém está explorando as terminologias e nomenclaturas das diferentes classes de palavras, é comum ficar a impressão de que se está estudando gramática. Isto é, em geral, a passagem pelo terreno das nomenclaturas tranquiliza a maioria  _ de pais, professores e alunos _, pois dá a ideia de que se está ensinando gramática [...]. (ANTUNES, 1937)

É dela também o quadro abaixo que expõe a sua compreensão sobre a constituição de uma língua.

Para ANTUNES uma língua é constituída dos seguintes componentes:
              1.   Um léxico
_ que inclui o conjunto de palavras, ou, em termos mais correntes, o vocabulário da língua;
                2. Uma gramática
_ que inclui as regras para se construir palavras e sentenças da língua;
      3. A composição de textos
_ que inclui recursos de textualizações;
            4. Uma situação de interação
_ que inclui normas sociais de atuação.
(ANTUNES[2], 1937. P. 40-41)

Assim, para fechar essa reflexão sobre a estrutura da língua, a autora reintera que, fazer o estudo da língua estudando somente a “sua gramática é limitar-se a um de seus componentes apenas”. Segundo ela, isso seria “perder de vista” a totalidade do estudo da língua.  Essa reflexão é importante para chamar a atenção do aluno e dos professores para o fato de que essa nossa imersão, necessária, às regras gramaticais de escrita da língua no seu nível formal, padrão, culto, não pode fazer com que percamos de vista o objetivo primeiro de nossas aulas, preparar o aluno para a redação do ENEM.

1. SINTAXE DE CONCORDÂNCIA.
O Significado da Palavra Sintaxe: essa palavra é de origem latina (syntaxis[3]) significa construção gramatical. Ou seja, a Sintaxe e a parte da gramática que trata das regras combinatórias, como as palavras de uma língua se combinam para formar uma frase. Cada língua (português, francês, inglês, etc) possui sua sintaxe própria.


1.2. Sintaxe de Concordância: esse tópico se divide em dois: concordância verbal e concordância nominal.

1.2.1. Concordância Verbal: Quando se fala em concordância verbal, fala-se em como o núcleo[4] do sujeito de uma oração concorda com o verbo dessa oração, lembrando que o verbo pode variar em modo: indicativo, subjuntivo e imperativo; em tempo: presente, pretérito perfeito, pretérito imperfeito, pretérito mais que perfeito, futuro do presente e futuro do pretérito; número: singular e plural; pessoa: primeira, segunda e terceira; vozes: ativa, passiva e reflexiva. Como o sujeito é quem pratica a ação expressa por esse verbo, o seu núcleo tem que concordar com o verbo, é a isso que chamamos de concordância verbal: a relação que há entre o verbo e o núcleo de seu sujeito.

a)     Concordância Verbal com o Sujeito Simples [5]
SITUAÇÃO
COMO FICA O VERBO
EXEMPLO
Situação geral(Regra Geral)
O verbo concorda com o núcleo  sujeito em número e pessoa.
O menino ganhou o brinquedo. (núcleo do sujeito menino está na 3ª pessoa do singular, o verbo fica na 3ª pessoa do singular)
Sujeito formado por expressão partitiva: a maioria, grande parte de, a minoria + um nome no plural
O verbo pode ficar na 3ª pessoa do singular ou vai para o plural.
A maioria dos jovens não estudam como deveria. / A maioria dos jovens não estuda como deveria.
Sujeito formado por expressão que indica valor aproximado (cerca de, menos de, perto de) + numeral.
O verbo concorda com o numeral.
Cerca de 1% dos eleitores nãovotou./ cerca de 3% dos eleitores não votaram.
Sujeito formado por pronome de tratamento (vossa excelência, vossa senhoria, vossa santidade)
O verbo concorda, na 3ª pessoa com o pronome.
Vossa senhoria não recebeu o documento?/Vossas Senhorias não receberam o documento?

  
b)    Concordância Verbal com o Sujeito Composto[6]
SITUAÇÃO
COMO FICA O VERBO
EXEMPLO
Núcleos na 3ª pessoa e o verbo depois do sujeito.
O verbo vai para a 3ª pessoa do plural.
Meu pai e meu irmão chegaram de viagem.
Núcleos na 3ª pessoa e o verbo antes do sujeito.
O verbo pode concordar na 3ª pessoa do plural ou concordar somente com o núcleo mais próximo dele.
Chegaram de viagem meu primo e meu amigo. / Chegou de viagem meu primo e meu amigo.
Sujeito composto resumido por tudo, nada, ninguém.
O verbo fica na 3ª pessoa do singular.
A casa, o sítio, o curral, tudo desapareceu com o tempo.
Sujeitos formados por pessoas gramaticais diferentes (eu/tu/ele)
Se um dos núcleos for eu ou nós.
O verbo fica na 1ª pessoa do plural.
Não havendo eu ou nós.
O verbo fica na 2ª ou 3ª pessoa do plural.

1.2.2.        Concordância Nominal: algumas palavras se relacionam na frase diretamente com um substantivo, às vezes o acompanhando, às vezes o substituindo. São os determinantes do substantivo que exercem com relação a ele a função de adjunto adnominal. São as classes gramaticais: artigos, adjetivos e as locuções adjetivas, numerais e os pronomes. Como o substantivo pode variar gênero (masculino e feminino) e número (singular e plural) os seus determinantes vão ter que concordar com ele em gênero e número, conforme as regras de concordância nominal.
1.2.2.1.  Regra Geral: os determinantes do substantivo concordam com ele em gênero e número. Essa é uma regra muito simples, significa que se o substantivo está no singular masculino o artigo, adjetivo, por exemplo, que o acompanha deve também ficar no singular masculino.
Exemplo: Os carros usados foram vendidos.
Uma estratégia maldita para derrotar o inimigo.

Nesses exemplos o substantivo “carro” está no masculino plural, portanto seus determinantes também estão no masculino plural. A mesma coisa acontece com o substantivo “estratégia”, como está no feminino singular seus determinantes ficam no feminino singular.
1.2.2.2.  Alguns Casos Específicos: há algumas situações nas quais não tem como ser aplicada a regra geral, sendo necessário se buscar outra forma de se resolver a concordância entre o substantivo e seus determinantes.
Veja os casos.
1º) Quando um único adjetivo tiver que concordar com mais de um substantivo de gêneros e/ou números diferentes.
a)      Se o adjetivo for escrito antes dos substantivos: nesse caso a concordância será feita com o gênero e o número do substantivo mais próximo dele.
Ex.. Ele comprou novas canetas, caderno e lápis. (o caderno e o lápis também eram novos, mas a concordância só é feita com o substantivo canetas, que está mais próximo do adjetivo).
Invertendo a ordem dos substantivos para esclarecer.
Ele comprou novo caderno, canetas e lápis.
Ele comprou novo lápis, caderno e canetas.
·         Se os substantivos forem nomes próprios ou indicativos de parentesco:  a concordância é feita sempre no plural.
Ex.. Os divertidos Antonio e Carla vão chegar hoje.
Os insuportáveis cunhados e genros chegaram há pouco.
b)      Se o adjetivo for escrito depois dos substantivos: o adjetivo poderá concordar em gênero e número com o substantivo que estiver mais próximo dele ou ficar no masculino plural, mesmo que haja substantivos masculinos e femininos.
Ex. Ele comprou lápis, caderno e canetas novas. (concordando com o mais próximo) ou Ele comprou lápis, caderno e caneta novos.
·         Se os substantivos forem do mesmo gênero: o adjetivo poderá ficar no singular ou no plural, as duas formas são corretas.
Ex. . O velho vendia banana e manga madura ou O velho vendia banana e manga maduras.  
2º) Em expressões formadas pelo verbo SER + ADJETIVO: é bom, é necessário, é proibido, etc: nesse caso há duas situações.

a) O substantivo não vem está no sentido genérico sem nenhum determinante o acompanhando: o adjetivo fica no singular.

Ex.. Fruta é bom para a saúde.

Água é necessário para a vida no planeta.

b) O substantivo vem acompanhado por um determinante: o adjetivo concorda com o adjetivo.

Ex. A fruta é boa para a saúde.

Esta fruta é boa para a saúde.

Toda água é necessária para a vida no planeta.



3º) Quando um único substantivo é modificado por dois ou mais adjetivos no singular: pode-se fazer duas concordâncias:

a) O substantivo fica no singular e coloca-se um artigo antes do último adjetivo.

Ex. Gosto de ver o futebol brasileiro e o argentino. (Os adjetivos brasileiro e argentino ficam no singular.

Outro exemplo.

Adoro o rock americano e o inglês.

b) O substantivo vai para o plural e omite-se o artigo antes do adjetivo.

Gosto de ver os futebóis brasileiro e argentino.

Adoro os rocks americano e inglês.



[1] ANTUNES, Irandé, 1937- Muito além da gramática: por um ensino de línguas sem pedras no caminho/Irandé Antunes, - São Paulo:Parábola Editorial, 2007 – 4ª edição, p.69.
[2] Idem 1

[3] DICIONÁRIO ETIMOLÓGICO NOVA FRONTEIRA DA LINGUA PORTUGUESA – Antonio Geraldo da Cunha – p.727.
[4] NÚCLEO DO SUJEITO: em um sujeito formado por mais de uma palavra, haverá uma, geralmente um substantivo, que exerce a função de núcleo, por exemplo, As garotas da oitava série apresentarão uma peça durante o recreio.  “As garotas da oitava série” é o sujeito, “garotas” é o núcleo, as outras palavras são adjuntos adnominais, que determinam o nome, expressam de que “garotas” estamos falando.
[5] SUJEITO SIMPLES: é aquele que possui apenas um núcleo, como no exemplo do item 4 acima.
[6] SUJEITO COMPOSTO: é aquele que possui dois ou mais núcleos, por exemplo, “As garotas e os garotos da oitava série apresentarão uma peça teatral. 

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