sábado, 29 de junho de 2013

REGÊNCIA VERBAL CONTEÚDO E ATIVIDADES - REDAÇÃO DO ENEM TRABALHANDO A COMPETÊNCIA I - AULA 3

(Veja aqui a aula 1)
(Veja aqui a aula 2)
(Veja aqui Preposições Conteúdos e Exercícios)

Nessa aula trataremos de um aspecto bastante interessante da gramática da língua portuguesa: a regência verbal. Interessante pelo debate que se gera em torno das regras de uso de preposições ou não após alguns verbos. Boa parte da polêmica dos debates se explica pelo fato dessas regras se basearem no uso que os portugueses fazem da língua, fato que muitas vezes distancia as regras do uso prático dos brasileiros. 

1.     REGÊNCIA
A palavra “regência” vem do verbo reger, que significa governar, administrar. O que isso tem a ver com a sintaxe (regras de combinação entre as palavras)? Vamos só relembrar que todo o léxico[1] (conjunto de palavras que formam uma língua) da língua portuguesa pode ser dividido em 10 classes gramaticais: substantivo, adjetivo, artigo, numeral, pronome, verbo, advérbio, preposição, conjunção e interjeição. Dentre essas 10 classes, quatro delas, o substantivo, o adjetivo, verbo e o advérbio, podem, em uma frase, precisar de outros termos que complementem seu sentido. Nesse caso teremos o termo regente (substantivo, adjetivo, verbo, advérbio), que precisa de complemento, e o termo regido, que serve como complemento. 

Exemplo 

“A menina refugiou-se no colo do pai e afundou o rosto em seu peito, trêmula”. (O olhar[2])

· colo: substantivo (termo regente)

· do pai: termo regido (complemento nominal)

· afundou: verbo (termo regente)

· o rosto: termo regido (complemento verbal)

2. TIPOS DE REGÊNCIA: a regência divide-se em dois tipos: verbal e nominal.

2.1. Regência Verbal: é a relação existente entre os verbos transitivos e os seus complementos. Para compreendermos a Regência Verbal, temos que saber se esse verbo é ou não transitivo. 

2.2. Classificação do Verbo pela sua Transitividade: transitividade é a dependência de sentido que há entre uma palavra e outra. Há alguns verbos que são transitivos, isto é, dependem de outras palavras para complementar o seu sentido, por exemplo, o verbo “ganhar”, quem ganha, ganha sempre alguma coisa. “Ele ganhou” (ganhou o que?) esse verbo precisa de um complemento. “Ele ganhou o torneio de sinuca”. Veja que agora o verbo “ganhar” ficou completo. Assim também, há verbos que não precisam de complementos por já ter o seu sentido completo em si mesmo, por exemplo, nascer, morrer, chegar, ir. Os verbos intransitivos não precisam de complementos, mas de adjuntos adverbiais que vão lhes indicar as circunstâncias (causa, modo, tempo, lugar, finalidade, instrumento, etc) na qual a ação aconteceu. Na frase: “O menino nasceu”, a ação “nascer” está completa, tudo o que se acrescentar a essa frase será adjuntos adverbiais. Veja: “ O menino nasceu em casa (lugar), pela manhã (tempo), de parto natural (modo), para ser a alegria da casa (finalidade). Portanto, pela sua transitividade teremos os seguintes verbos:

· Verbos Transitivos: são os que precisam de complemento (objeto). 

Os transitivos podem ser:

- Diretos: se unem ao complemento, chamado de Objeto Direto, sem precisar de preposição (acarretar, namorar, implicar, amar, estudar, etc)

A alta dos preços acarretou a queda nas vendas.

- Indiretos: precisam da preposição para se unir ao complemento, chamado de Objeto Indireto (gostar, obedecer, agradecer, etc)

A garota gostou do presente. (veja que há uma preposição entre o verbo e seu complemento)

- Diretos e Indiretos: são os verbos que possuem a dupla transitividade, precisam, portanto, de dois tipos de complementos: um objeto direto e outro objeto indireto. 

O arbitro perdoou a falta ao Brasil. 

· Intransitivos: não precisam de complemento, apenas de adjuntos adverbiais. 

OBSERVAÇÕES:

  • Tanto os verbos transitivos quanto os intransitivos podem ter adjuntos adverbiais indicando as circunstâncias nas quais a ação acontece, somente os verbos transitivos diretos ou indiretos possuem complementos verbais. Os adjuntos adverbiais podem ser dispensados os complementos verbais não. 

  • Para saber se um verbo é TRANSITIVO ou INTRANSITIVO usamos o seguinte faz-se a seguinte pergunta: “Quem ------------, --------------- alguém ou --------------- alguma coisa? Para resposta sim, o verbo é transitivo; para resposta não, o verbo é intransitivo. (Nos espaços coloca-se o verbo que queremos analisar). 

Alguns verbos são complicados quanto a sua regência, pois podem mudar completamente seu sentido conforme a preposição que o acompanha, ou quando vem sem preposição. A tabela abaixo, extraída da coleção Ser Protagonista – Manual do professor, 3º ano Ensino Médio[3], mostra exemplos quatro exemplos desse tipo de regência.


Regência Verbal – significado de alguns verbos transitivos diretos
VERBOS
REGÊNCIA
PREPOSIÇÃO
REGENTE
Significado
Exemplo

Aspirar
VTD

Sorver, atrair o ar para os pulmões.
É bom aspirar o ar marinho.
VTI
a
Desejar ardentemente; pretender
Os jogadores aspiravam ao título de campeões mundiais.
Assistir
VTD

Socorrer, acompanhar, ajudar
O médico assistiu o doente.
VTI
a
Ver, estar presente
Sempre assistimos à TV antes de dormir.
Implicar
VTD

Requerer, envolver
Uma ação verdadeira implica muito esforço.

Com
Ter implicância
Não implique com minhas manias.
Visar
VTD

Mirar, rubricar, assinar
O menino visou o pássaro no galho da árvore.
VTI
a
Ter por objetivo
Esta aula visa à discussão sobre o papel da mídia.




Atividades
1. “Nada te ocultarei, Jocasta, nesta história em que atingi o auge das minhas apreensões e ansiosas expectativas. Na angustiante situação em que me encontro, a que pessoa mais digna do que tu poderia eu revelar a causa da minha inquietação?” (EDIPO REI)[4]

Com relação a sua transitividade, o verbo destacado no trecho pode ser classificado como:

a) Intransitivo porque não precisa de complemento.

b) Transitivo indireto porque está ligado ao objeto por meio de preposição.

c) Transitivo indireto porque não está ligado ao objeto por meio de preposição.

d) Transitivo direto porque está ligado ao objeto por meio de preposição.

e) Transitivo direto porque está ligado ao objeto sem preposição.

2. No trecho analisado na questão anterior, os termos “o auge das minhas apreensões” e “ansiosas expectativas” desempenham a mesma função com relação ao verbo atingi. Essa função é:

a) Função de Objeto Direto.

b) Função de objeto indireto.

c) Função de adjunto adverbial de consequência.

d) Função de adjunto adverbial de causa.

e) Função de adjunto adverbial de lugar.

3. Se substituíssemos na primeira frase desse trecho o verbo atingi por chegar teríamos a seguinte escrita: “Nada te ocultarei, Jocasta, nesta história em que cheguei ao auge das minhas apreensões e ansiosas expectativas”. Nesse caso, podemos afirmar que ocorreram as seguintes alterações:

a) Como o verbo chegar é transitivo indireto, os complementos verbais transformaram-se em objetos indiretos.

b) A mudança aconteceu apenas no verbo, os complementos continuam sendo objetos diretos.

c) A mudança aconteceu apenas no verbo, os complementos continuam sendo objetos indiretos.

d) Como o verbo chegar é intransitivo, não há mais objetos, sim adjuntos adverbiais. 

e) O primeiro termo se transformou em adjunto adverbial e o segundo continua sendo objeto. 

4. “Notei que ele variava de atitude quando um inspetor mostrava a cabeça à entrada da sala, e quando pretendia informar-me de alguma disciplina transcendente”. (O Ateneu[5])

Com relação aos termos marcados no trecho é correto dizer que:

a) O primeiro é um objeto direto e o segundo um objeto indireto porque o verbo ao qual estão relacionados possui dupla transitividade. 

b) Os dois exercem a mesma função sintática porque se relacionam ao mesmo verbo.

c) Ambos são adjuntos adverbiais porque o verbo mostrar é intransitivo.

d) O primeiro é objeto direto e o segundo é adjunto adverbial. 

e) O primeiro é adjunto adverbial e o segundo é objeto direto.

5. “Rodrigo não teve outro remédio senão assistir à partida. Pediram-lhe que desse o Rick-off. Antes, porem, teve de fazer um breve discurso de saudação aos visitantes. Depois deu um pontapé na bola, sob aplausos, e voltou para as bancadas, onde ficou sentado em companhia de dois maristas.” (O RETRATO[6])

a) O verbo assistir está sendo usado como transitivo direto porque não há preposição entre ele e seu complemento.

b) O Verbo assistir não poderia ser usado nesse caso, porque significa socorrer, acompanhar, ajudar.

c) O verbo assistir foi perfeitamente usado como transitivo indireto, significando ver, estar presente, esse sentido é lhe dado pelo uso da preposição a, que nesse caso se fundiu com o artigo a.

d) o verbo assistir nesse caso, é um verbo transitivo direto e indireto porque possui dupla transitividade.

e) O termo que acompanha o verbo assistir é um objeto direto.

6. Usando a pergunta “Quem _____________, _____________ alguém ou _____________ alguma coisa?” identifique a transitividade dos verbos destacados nas frases abaixo. 

a) A mãe desfrutou as conquistas do filho. ___________________.

b) O velho morreu às 22 horas. ____________________________.

c) Roberto amou Ana enquanto foi vivo. _____________________.

d) Ela gostou muito do presente que ganhou. _________________.

7. Com relação aos verbos analisados na questão 6, escreva abaixo os termos que os acompanha e diga se são adjuntos adverbiais ou complementos verbais. 

a) _____________________________________________________.

b) _____________________________________________________.

c) _____________________________________________________.

d) _____________________________________________________. 

8. Analise atentamente as frases abaixo:

Frase 1 – O médico assistiu ao paciente inglês.

Frase 2 _ O médico assistiu o paciente inglês. 

Qual das duas frases está se tratando do filme de Anthony Mingela baseado no romance de Michael Ondaatje? Como é possível chegarmos a essa conclusão?

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[1] Segundo levantamento da Academia Brasileira de Letras, o léxico da língua portuguesa fica em torno de 365 mil palavras.


[2] JULIO EMILIO BRAZ – Cenas Urbanas – São Paulo: Scipione, 2000. – (Serie Diálogo) pág. 61.


[3] Portugês, 3º ano : ensino médio / organizador Ricardo Gonçalves Barreto. _ 1. Ed. _ São Paulo : Edições SM, 2010. _ (Coleção ser protagonista) pág. 351.


[4] Sófocles, 496 ou 494 a.C. Edipo Rei / Sófocles; traduzido diretamene do grego por Domingos Paschoal Cegalla. – 3ª Ed. _ Rio de Janeiro: DIEFEL, 2005. Pág. 83.


[5] Raul Pompéia – O Ateneu – Ed. Scipione – 1995 : Coleção 2 em 1. Pág. 29.


[6] Veríssimo, Erico, 1905-1975. O tempo e o vento – o retratoII / Erico Veríssimo. – 24.ed. – São Paulo : Globo, 1997. Pág. 385.

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