sexta-feira, 30 de maio de 2014

ESTÁ ACONTECENDO O CONGRESSO DO SINTEPP

Está começando agora o PRIMEIRO CONGRESSO DOS (AS) TRABALHADORES(AS) EM EDUCAÇÃO DE MARABÁ, realizado pelo Sintepp Subsede de Marabá, cujo tema é CONSTRUINDO A LUTA NAS RUAS POR VALORIZAÇÃO, PISO, CARREIRA E GESTÃO DEMOCRÁTICA. Neste momento acontece um café da manhã e o credenciamento dos delegados. A partir das 10 horas haverá a abertura solene da mesa, a programação vai até o final do sábado dia 31. Hoje à noite acontecerá uma cultural na Sede Campestre Professor Evandro Viana (Club do Sintepp). 
O principal objetivo do evento é proporcionar um momento de reflexão e formação aos participantes, considerando que a educação é o principal instrumento de libertação da sociedade. Acreditamos que são momentos como esse que fortalece a categoria dando-lhe esclarecimentos sobre as questões que envolve toda a vida profissional. 

quinta-feira, 29 de maio de 2014

INFORMES SOBRE AS NEGOCIAÇÕES NA REDE ESTADUAL DE ENSINO

Com relação à campanha salarial 2014 da rede estadual, foi realizada no último dia 27/05 grande assembleia geral. A categoria avaliou pontos positivos nas negociações com o governo, como por exemplo, a regularização do Sistema Organização Modular de Ensino e a aprovação da lei que regulariza a eleição para diretor das escolas da Rede Estadual, aprovada na ALEPA.
 Porém, a categoria entende que o governo tem se mantido irredutível no que diz respeito à portaria de lotação que regulariza a jornada de trabalho e a hora-atividade. Dessa forma, foi aprovada PARALISAÇÃO e ATO PÚBLICO em frente à ALEPA, dia 10/06. A categoria pretende mais uma vez mostrar ao governo sua disposição para o enfrentamento de rua caso não seja dada a devida importância a esse ponto de pauta tão importante de nossa luta. Durante esse ato, esperamos haver negociação com o governo. No dia 11/06, será realizada Assembleia Geral para avaliar o resultado do movimento, e, se não tiver ocorrido nenhum avanço a categoria será convocada a deliberar sobre o retorno ou não à greve. 

Oh, e agora, quem poderá nos defender?!

Cuidado, meu povo, a cidade tá violenta! Não queiram ser roubado! Não queiram ter documentos extraviados! Ninguém peça para ser envolvido em qualquer situação que necessite ir a DP Cidade Nova para ser atendido, pois você pode ser preso! 
A morosidade que é o atendimento nos órgãos públicos Brasil a fora todos sabem que é regra não exceção. Mas, somente me reportarei ao excelente atendimento realizado, principalmente, por um certo escrivão com ares de rei lotado naquela DP. O Cidadão não tem do que reclamar de seu trabalho: não precisa cumprir horário fixo, nem precisa se importar muito, ou quase nada, com as pessoas que lá vão. Quando o excelso escrivão chega, lá por volta das oito e trinta, dá uma boa organizada no seu local de trabalho - uma cadeira e uma mesa com computador - faz isso com tanto brio, claro que depois de ter ido numa banca tomar aquele café e bater um papinho com os colegas que chegam - quando termina essa organização é que percebe a imensa fila que aguarda seu brioso atendimento. 

Quem está aguardando, alguns desde às quatro da manhã, sabe respeitar a dedicação do servidor público no exercício de sua função. Ele sabe o que faz, a força da lei está com ele, melhor não questioná-lo. Mesmo aqueles que se sentirem "sacaneados", palavra indigna de ser dirigida a tão excelsa pessoa, tem que se manter resignado em aceitar, caso contrário ele dispara como ninguém o artigo 331 do Código Penal Brasileiro - leia-se na régia lei: "Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, ou multa.". Pense bem no que você vai dizer a esse Cidadão - Servidor Público - ou você poderá ficar detido.



quarta-feira, 28 de maio de 2014

NOITE CULTURAL


A noite de sexta-feira,dia 30/05, será abrilhantada com uma série de shows para animar a galera. Depois de um longo dia de debates e muita formação, será hora e relaxar ouvindo atrações locais como Dedê Alves, Silvinho do Arrocha e Marcelo e Banda. Os delegados serão convidados especiais,porém o show será aberto para todo filiado,dependentes e convidados. Venha participar conosco desse momento de formação e lazer. 

segunda-feira, 26 de maio de 2014

VEJA O QUE ESTARÁ EM VOTAÇÃO NA CÂMARA MUNICIPAL DE MARABÁ ESTA SEMANA



 Matéria Ementa Resultado da Votação
1 - REQ 751/2014 - Requerimento
Protocolo: 56/2014
Autor: Júlia Rosa
REITERA REQUERIMENTO 14/2013, QUE SOLICITA AS OBRAS DE REDE DE ESGOTO, PAVIMENTAÇÃO OU ASFALTAMENTO DA RUA CASTRO ALVES, EM TODA SUA EXTENSÃO - BAIRRO DA PAZ, COMPLEXO CIDADE NOVA.Matéria não votada

2 - REQ 752/2014 - Requerimento
Protocolo: 57/2014
Autor: Júlia Rosa
SOLICITA OBRAS DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA, SANEAMENTO, PAVIMENTAÇÃO OU ASFALTAMENTO NA RUA 08; BAIRRO ARAGUAIA - FANTA.Matéria não votada

3 - REQ 753/2014 - Requerimento
Protocolo: 59/2014
Autor: Júlia Rosa
SOLICITA AS OBRAS DE COLOCAÇÃO DE BUEIROS E ILUMINAÇÃO PÚBLICA NA RUA 19, BAIRRO ARAGUAIA - FANTA.Matéria não votada

4 - REQ 618/2014 - Requerimento
Protocolo: 12/2014
Autor: Leodato Marques
SOLICITA O ASFALTAMENTO, COM DRENAGEM, DA RUA DA FOLHA 18, ENTRE AS QUADRAS 02 E 03.Matéria não votada

5 - REQ 660/2014 - Requerimento
Protocolo: 44/2014
Autor: Leodato Marques
SOLICITA LINHA DE TRANSPORTE PÚBLICO MUNICIPAL, QUE ATENDA AO BAIRRO BELA VISTA, FAZENDO LIGAÇÃO COM OS BAIRROS VALE DO ITACAIUNAS, FILADÉLFIA E SÃO MIGUEL DA CONQUISTA.Matéria não votada

6 - REQ 732/2014 - Requerimento
Protocolo: 45/2014
Autor: Leodato Marques
SOLICITA REFORMA DO ESTÁDIO DE MORADA NOVA.Matéria não votada

7 - REQ 676/2014 - Requerimento
Protocolo: 35/2014
Autor: Coronel Araújo
INDICA INSTALAÇÃO DE SEMÁFORO NA AVENIDA DOIS MIL COM A RUA SÃO PAULO, NO BAIRRO BELO HORIZONTE.Matéria não votada

8 - REQ 669/2014 - Requerimento
Protocolo: 37/2014
Autor: Coronel Araújo
SOLICITA INSTALAÇÃO DE LÂMPADAS E MELHORIAS NA ILUMINAÇÃO PUBLICA DA AVENIDA TRANSMANGUEIRA, FOLHA 23, PRÓXIMO A TRANSPRESS E PORTAL DA ORLA.Matéria não votada

9 - REQ 683/2014 - Requerimento
Protocolo: 52/2014
Autor: Irismar
SOLICITA A CONSTRUÇÃO DE UMA QUADRA POLIESPORTIVA NO LOTEAMENTO BURITI CIDADE JARDIM, NESTE MUNICÍPIO.Matéria não votada

10 - REQ 684/2014 - Requerimento
Protocolo: 54/2014
Autor: Irismar
SOLICITA A CONSTRUÇÃO DE UM CENTRO DE SAÚDE NO LOTEAMENTO BURITI CIDADE JARDIM, NESTE MUNICÍPIO.Matéria não votada

11 - REQ 685/2014 - Requerimento
Protocolo: 55/2014
Autor: Irismar
SOLICITA REPAROS NA ILUMINAÇÃO PÚBLICA DA RUA 05 DE ABRIL, EM TODA SUA EXTENSÃO - BAIRRO MARABÁ PIONEIRA.Matéria não votada

12 - REQ 741/2014 - Requerimento
Protocolo: 51/2014
Autor: Alecio da Palmiteira
REITERA REQUERIMENTO Nº 191/2013, QUE SOLICITA CONSTRUÇÃO DE UMA QUADRA DE ESPORTE NA VILA JOSINÓPOLIS, REGIÃO DO RIO PRETO.Matéria não votada

13 - REQ 742/2014 - Requerimento
Protocolo: 52/2014
Autor: Alecio da Palmiteira
SOLICITA TRABALHO DE CONSCIENTIZAÇÃO E CONTROLE DE COMBATE A DENGUE NA VILA ZÉ DO ÔNIBUS, REGIÃO DO RIO PRETO.Matéria não votada

14 - REQ 743/2014 - Requerimento
Protocolo: 53/2014
Autor: Alecio da Palmiteira
SOLICITA CONSTRUÇÃO DE POSTO DE SAÚDE NA VILA SÃO PEDRO, REGIÃO DO RIO PRETO.Matéria não votada

15 - REQ 695/2014 - Requerimento
Protocolo: 35/2014
Autor: Irmã Nazaré
SOLICITA OBRAS DE ASFALTO OU PAVIMENTAÇÃO NA RUA J, EM TODA SUA EXTENSÃO - KM 07, NOVA MARABÁ.Matéria não votada

16 - REQ 694/2014 - Requerimento
Protocolo: 8/2014
Autor: Irmã Nazaré
REITERA REQUERIMENTO N° 08/2013, QUE SOLICITA IMPLANTAÇÃO DE SEMÁFORO NO CRUZAMENTO ENTRE A AVENIDA BOA ESPERANÇA E RUA JOSÉ BANDEIRA DE SOUSA - LARANJEIRAS.Matéria não votada

17 - REQ 693/2014 - Requerimento
Protocolo: 38/2014
Autor: Irmã Nazaré
REITERA REQUERIMENTO N° 32/2013, QUE SOLICITA VARRIÇÃO DAS RUAS ASFALTADAS/PAVIMENTADAS NA CIDADE NOVA.Matéria não votada

18 - REQ 722/2014 - Requerimento
Protocolo: 19/2014
Autor: Adelmo do Sindicato
SOLICITA DO EXECUTIVO MUNICIPAL A CONSTRUÇÃO DE UMA QUADRA E ESPORTES COBERTA NA ESCOLA MARIA DAS GRAÇAS - BELA VISTA.Matéria não votada

19 - REQ 720/2014 - Requerimento
Protocolo: 22/2014
Autor: Adelmo do Sindicato
SOLICITA AO EXECUTIVO MUNICIPAL REFORMA E AMPLIAÇÃO DA E.M.E.F DARCY RIBEIRO - LIBERDADE.Matéria não votada

20 - REQ 721/2014 - Requerimento
Protocolo: 23/2014
Autor: Adelmo do Sindicato
SOLICITA REFORMA E AMPLIAÇÃO DA E.M.E.F MARIA DAS GRAÇAS RIBEIRO SOUSA - BELA VISTA.Matéria não votada

21 - REQ 678/2014 - Requerimento
Protocolo: 4/2014
Autor: Gerson do Badeco
SOLICITA AO EXECUTIVO MUNICIPAL RECUPERAÇÃO DA VICINAL QUE DÁ ACESSO AO CENTRO DOS MARANHENSES, ZONA RURAL DE MARABÁ.Matéria não votada

22 - REQ 679/2014 - Requerimento
Protocolo: 5/2014
Autor: Gerson do Badeco
SOLICITA AO EXECUTIVO MUNICIPAL CALÇAMENTO E MEIO FIO DA RUA SANTO ANTÔNIO, SÃO FÉLIX I.Matéria não votada

23 - REQ 737/2014 - Requerimento
Protocolo: 6/2014
Autor: Gerson do Badeco
REITERA REQUERIMENTO N° 86/2013, QUE SOLICITA AO GOVERNO DO PARÁ, ATRAVÉS DA COSANPA, A EXTENSÃO DA REDE DE ÁGUA PARA O BAIRRO SANTA RITA.Matéria não votada

24 - REQ 677/2014 - Requerimento
Protocolo: 39/2014
Autor: Guido Mutran
SOLICITA AO EXECUTIVO MUNICIPAL A IMPLANTAÇÃO DE REDE DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA NA AVENIDA MANAUS, COMPLEXO CIDADE-NOVA, COM ACESSO AO BALNEÁRIO DA TABOQUINHA, BAIRRO NOVO HORIZONTE.Matéria não votada

25 - REQ 747/2014 - Requerimento
Protocolo: 45/2014
Autor: Guido Mutran
SOLICITA A SINALIZAÇÃO VERTICAL E HORIZONTAL NO CRUZAMENTO DAS VIAS NA AV. VE-08, ENTRE AS FOLHAS 32 E 31, SAÍDA DO TERMINAL RODOVIÁRIO, NOVA MARABÁ.Matéria não votada

26 - REQ 748/2014 - Requerimento
Protocolo: 46/2014
Autor: Guido Mutran
SOLICITA A REVITALIZAÇÃO DA REDE DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA NA FOLHA 35, NOVA MARABÁ.Matéria não votada

27 - REQ 726/2014 - Requerimento
Protocolo: 43/2014
Autor: João Hiran
SOLICITA AO EXECUTIVO MUNICIPAL PAVIMENTAÇÃO ASFÁLTICA NA RUA 07 EM TODA SUA EXTENSÃO, NO BAIRRO NOSSA SENHORA APARECIDA.Matéria não votada

28 - REQ 727/2014 - Requerimento
Protocolo: 44/2014
Autor: João Hiran
SOLICITA AO EXECUTIVO MUNICIPAL PAVIMENTAÇÃO ASFÁLTICA NA RUA 08 EM TODA SUA EXTENSÃO, NO BAIRRO NOSSA SENHORA APARECIDA.Matéria não votada

29 - REQ 728/2014 - Requerimento
Protocolo: 45/2014
Autor: João Hiran
SOLICITA AO EXECUTIVO MUNICIPAL PAVIMENTAÇÃO ASFÁLTICA NA RUA 09 EM TODA SUA EXTENSÃO, NO BAIRRO NOSSA SENHORA APARECIDA.Matéria não votada

30 - REQ 708/2014 - Requerimento
Protocolo: 27/2014
Autor: Miguelito
SOLICITA 100 METROS DE MANILHA PARA A TUBULAÇÃO DO CAMPO DE FUTEBOL ENTRE AS RUAS MARANHÃO E PARÁ NA VILA MURUMURU.Matéria não votada

31 - REQ 711/2014 - Requerimento
Protocolo: 49/2014
Autor: Miguelito
SOLICITA REPAROS EM TODA A ENCANAÇÃO DE ÁGUA DA VILA MURUMURU.Matéria não votada

32 - REQ 707/2014 - Requerimento
Protocolo: 50/2014
Autor: Miguelito
SOLICITA REDE DE ESGOTO, TERRAPLANAGEM E PAVIMENTAÇÃO ASFÁLTICA NA AVENIDA SÃO PAULO NO BAIRRO CARAJÁS II.Matéria não votada

33 - REQ 734/2014 - Requerimento
Protocolo: 38/2014
Autor: Pedrinho Corrêa
SOLICITA AO PODER EXECUTIVO A READEQUAÇÃO AO FORMATO ORIGINAL DA LEI N° 17.343/2009 QUE DISPÕE SOBRE A CONCESSÃO DE VALE ALIMENTAÇÃO AOS SERVIDORES PÚBLICOS MUNICIPAIS.Matéria não votada

34 - REQ 689/2014 - Requerimento
Protocolo: 37/2014
Autor: Pedrinho Corrêa
SOLICITA A TRANSFORMAÇÃO DO DEPARTAMENTO MUNICIPAL DE TRÂNSITO E TRANSPORTE URBANO - DMTU EM SECRETARIA MUNICIPAL DE MOBILIDADE URBANA - SEMURB.Matéria não votada

35 - REQ 714/2014 - Requerimento
Protocolo: 38/2014
Autor: Ronaldo Yara
SOLICITA QUE SEJA FEITA PUBLICAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DE MATERIAL EDUCATIVO SOBRE DIREITO E DEFESA DO CONSUMIDOR E REALIZAÇÃO DE ATIVIDADES EDUCATIVAS EM PARCERIA COM ORGANIZAÇÕES GOVERNAMENTAIS E NÃO GOVERNAMENTAIS, INCLUSIVA NA ZONA RURAL.Matéria não votada

36 - REQ 715/2014 - Requerimento
Protocolo: 39/2014
Autor: Ronaldo Yara
REITERA REQUERIMENTO N° 55/2013, QUE PEDE DRENAGEM E PAVIMENTAÇÃO DA RUA LOCALIZADA NA FOLHA 31, ENTRE A QUADRA 04 E O HOTEL LEBON.Matéria não votada

37 - REQ 716/2014 - Requerimento
Protocolo: 40/2014
Autor: Ronaldo Yara
REITERA REQUERIMENTO N° 99/2013, QUE PEDE DRENAGEM E PAVIMENTAÇÃO DA RUA LOCALIZADA NA FOLHA 31, ENTRE A QUADRA 02 W VP 08.Matéria não votada

38 - REQ 699/2014 - Requerimento
Protocolo: 42/2014
Autor: Sidinei
SOLICITA AO EXECUTIVO MUNICIPAL ATRAVÉS DA SECRETARIA DE OBRAS, QUE SEJA FEITO UM TRABALHO DE RECAPEAMENTO NA FOLHA 12, ENTRE AS QUADRAS 20 E 18 - NOVA MARABÁ.Matéria não votada

39 - REQ 696/2014 - Requerimento
Protocolo: 46/2014
Autor: Sidinei
SOLICITA À EMPRESA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS QUE SEJA IMPLANTADO CÓDIGO DE ENDEREÇAMENTO POSTA (CEP) NA RUA PIAUÍ, QUADRA 221 - BAIRRO SÃO MIGUEL DA CONQUISTA.Matéria não votada

40 - REQ 697/2014 - Requerimento
Protocolo: 47/2014
Autor: Sidinei
SOLICITA TRABALHO DE LIMPEZA, ESCÓRIA E TERRAPLANAGEM NA RUA ALMIRANTE TAMANDARÉ COM A VILA LOBOS - BAIRRO DA PAZ.Matéria não votada

41 - REQ 667/2014 - Requerimento
Protocolo: 37/2014
Autor: Toinha
REITERA REQUERIMENTO N° 62/2013, QUE SOLICITA AO EXECUTIVO MUNICIPAL A CONSTRUÇÃO DE UM CENTRO DE REFERENCIA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL - CRAS, NO BAIRRO DA PAZ.Matéria não votada

42 - REQ 668/2014 - Requerimento
Protocolo: 38/2014
Autor: Toinha
SOLICITA CONSTRUÇÃO DE UM ABRIGO PARA O PONTO DE ONIBUS NA AVENIDA VALE, QUADRA 17, LT 16, NO RESIDENCIAL VALE DO TOCANTINS.Matéria não votada

43 - REQ 712/2014 - Requerimento
Protocolo: 39/2014
Autor: Toinha
SOLICITA AO EXECUTIVO MUNICIPAL PAVIMENTAÇÃO ASFÁLTICA PARA A FOLHA 10, INICIANDO NAS QUADRAS 07 E 06, TÉRMINO NA FOLHA 11, ENTRE AS QUADRAS 16 E 18, VCS 121 - NOVA MARABÁ.Matéria não votada

44 - REQ 641/2014 - Requerimento
Protocolo: 56/2014
Autor: Ubirajara
REITERA REQUERIMENTO N° 32/2013, QUE SOLICITA CRIAÇÃO DE ESPAÇO DE LAZER NAS PRAIAS DO TUCUNARÉ E GELADINHO.Matéria não votada

45 - REQ 640/2014 - Requerimento
Protocolo: 57/2014
Autor: Ubirajara
REITERA REQUERIMENTO N° 09/2013, QUE SOLICITA CONSTRUÇÃO DE UMA ESCOLA DE ENSINO FUNDAMENTAL DO 1° AO 5° ANO, NO RESIDENCIAL DO PROJETO MINHA CASA MINHA VIDA DO SÃO FÉLIX PIONEIRO.Matéria não votada

46 - REQ 639/2014 - Requerimento
Protocolo: 58/2014
Autor: Ubirajara
REITERA REQ. 31/2013, QUE SOLICITA CASA LOTÉRICA NO BAIRRO DO AMAPÁ.Matéria não votada

47 - REQ 701/2014 - Requerimento
Protocolo: 50/2014
Autor: Vanda Américo
SOLICITA AO EXECUTIVO MUNICIPAL CONSTRUÇÃO DE UM CENTRO DE FISIOTERAPIA NO MUNICIPAL DE MARABÁ.Matéria não votada

48 - REQ 702/2014 - Requerimento
Protocolo: 51/2014
Autor: Vanda Américo
SOLICITA AO EXECUTIVO MUNICIPAL FAIXAS DE PEDESTRE NA ROTATÓRIA DA PRAÇA DA CRIANÇA - NOVA MARABÁ.Matéria não votada

49 - REQ 703/2014 - Requerimento
Protocolo: 52/2014
Autor: Vanda Américo
SOLICITA AO EXECUTIVO MUNICIPAL PAVIMENTAÇÃO ASFÁLTICA DA RUA ALMIRANTE TAMANDARÉ - BAIRRO DA PAZ.Matéria não votada

50 - REQ 682/2014 - Requerimento
Protocolo: 6/2014
Autor: Edivaldo
SOLICITA O SERVIÇO DE ASFALTAMENTO, MEIO FIO E CALÇADA DA RUA DA QUADRA 37 DA FOLHA 28 DA NOVA MARABÁ.Matéria não votada

51 - REQ 681/2014 - Requerimento
Protocolo: 4/2014
Autor: Edivaldo
SOLICITA QUE DEPOIS DE ASFALTADAS AS RUAS, SEJA REALIZADO O SERVIÇO DE MEIO FIO E CALÇADA DA VIA 299, NAS QUADRAS 7,8,12 E 13 DA FOLHA 28 NA NOVA MARABÁ.Matéria não votada

52 - PLO 47/2014 - Projeto de Lei Ordinária
Protocolo: 2/2014
Autor: Edivaldo
DISPÕE SOBRE A IMPLANTAÇÃO DO HORÁRIO DE DISTRIBUIÇÃO DE SENHAS PARA OS ATENDIMENTOS AOS CIDADÃOS NOS SERVIÇOS SOCIAIS, MÉDICOS, LABORATORIAIS E TRABALHISTAS OFERTADOS PELO MUNICÍPIO DE MARABÁ E Á OUTRAS PROVIDÊNCIAS.Matéria não votada

53 - PLO 48/2014 - Projeto de Lei Ordinária
Protocolo: 48/2014
Turno: Primeiro
Autor: Coronel Araújo

REDE ESTADUAL - VEJA EM QUE PÉ ESTÃO AS NEGOCIAÇÕES COM O GOVERNO JATENE

Rede Estadual: audiência pública debate PL da Jornada de trabalho e Aulas suplementares


O Sintepp participou na tarde desta quarta-feira (21) da audiência pública para debater o Projeto de lei (PL) sobre Jornada de trabalho e Aulas Suplementares, na Assembleia Legislativa do Pará (Alepa), organizada pelos parlamentares da Casa e que contou com a presença do Ministério Público (MP) e de representantes do governo Simão Jatene (PSDB).
A Coordenação do Sintepp considerou positivo o momento, mas aponta críticas. “Dialogar com os parlamentares e com o governo sobre pautas tão caras para nós é fundamental. Porém, infelizmente o governo não respondeu de maneira favorável aos pontos divergentes e isso emperra o processo de negociação de um dos projetos de suma importância para nossa categoria”, explica Williams Silva, Coordenador Geral do Sintepp.
Na greve do ano passado, que durou 53 dias, foi pactuado um TAC junto ao TJE para a garantia dos direitos dos trabalhadores e sociedade, dado o quadro alarmante da educação pública em nosso Estado. “Avançamos na aprovação de dois dos PL’s, o que versa sobre o SOME e Gestão Democrática. Agora o governo volta a argumentar as limitações orçamentárias como empecilho para cumprimento de nossa pauta de Jornada de Trabalho e isso é lamentável. Ainda temos demandas pendentes como a reforma das escolas, a realização de concurso público e a unificação do PCCR, esperamos chegar a uma resolução que não prejudique nosso alunado e gostaríamos de ver o governo fazendo valer o que é propagandeado no pacto pela educação”, completa Mateus Ferreira, Coordenador Geral do Sintepp.
Diante da impossibilidade dos representantes da Seduc, na mesa, responderem aos questionamentos da nossa categoria ficou firmado o compromisso de realizar uma mesa de negociação no próximo dia 26/05, para tentar destravar os pontos que ainda emperram o processo de aprovação do PL na Alepa. A impossibilidade de avanço nessa mesa, coloca o processo de negociação numa encruzilhada perigosa.
Neste sentido, no dia 27/05 a categoria se reúne em assembleia geral, às 9h, no auditório do sindicato dos Bancários (Rua 28 de setembro, com Doca) para avaliar os próximos passos da campanha 2014. A atividade apontará também o calendário de mobilização e lutas para o período, além de definir o que fazer caso o governo siga intransigente nas mesas de negociação.
Entenda as propostas do Sintepp ao PL de Jornada/Aulas Suplementares, visto a distorção que o governo propõe ao acordo.
Jornada de Trabalho (Cap. I)
No ART. 3º § 3º (Emenda aditiva parcial) 
#Sintepp
ART 3º … §3º: A hora atividade tem a perspectiva de alcançar progressivamente a fração de 1/3 (um terço) de que trata a Lei Federal nº 11.738, de 2008, atingindo sua totalidade em 2016;
#Governo
ART 3º … §3º: A hora atividade tem a perspectiva de alcançar progressivamente a fração de 1/3 (um terço) de que trata a Lei Federal nº 11.738, de 2008;

No ART. 4º (Emenda aditiva parcial) 
#Sintepp
Art. 4º: A jornada de trabalho do Professor da Educação Geral, em qualquer das modalidades de ensino, será comporta de 20 (vinte) horas semanais em regência de classe, devendo ser adicionadas a estas as horas atividade no percentual de no mínimo 25% (vinte e cinco por cento), a partir do início do ano letivo de 2014, com a perspectiva de alcançar progressivamente a fração de 1/3 (um terço) de que trata a Lei Federal nº 11.738, de 2008, atingindo sua totalidade em 2016.
#Governo
Art. 4º: A jornada de trabalho do Professor da Educação Geral, em qualquer das modalidades de ensino, será comporta de 20 (vinte) horas semanais em regência de classe, devendo ser adicionadas a estas as horas atividade no percentual de no mínimo 25% (vinte e cinco por cento), a partir do início do ano letivo de 2014, com a perspectiva de alcançar progressivamente a fração de 1/3 (um terço) de que trata a Lei Federal nº 11.738, de 2008.

Aulas Suplementares (Cap.II)
No ART 5º, §2º (Emenda Substitutiva) 
#Sintepp
ART 5º: … §2º Será acrescido às aulas suplementares o percentual de 25% (vinte e cinco por cento) acompanhando o crescimento percentual da jornada destinada a hora atividade.
#Governo
ART 5º… §2º Será acrescido às aulas suplementares o percentual de 20% (vinte por cento) relativos às horas-atividade.

No ART 5º, §3º (Emenda Substitutiva) 
#Sintepp
ART 5º … §3º: O valor da aula suplementar será calculado com base no valor da hora aula do nível e classe, em que estiver inserido o Professor, adicionando-se, a esta, as Gratificações de Magistério, de escolaridade, de Titularidade e Adicional por Tempo de Serviço.
#Governo
ART 5º… §3º: O valor da aula suplementar será calculado com base no valor da hora aula do nível inicial da respectiva classe, em que estiver inserido o Professor, adicionando-se, a esta, as Gratificações de Magistério, de escolaridade, de Titularidade e Adicional por Tempo de Serviço.
   
Só conquista quem luta. Junte-se à nós, venha para o Sintepp.


domingo, 25 de maio de 2014

OS LUSÍADAS - ANÁLISE DO CANTO VI

A obra Os Lusíadas, de Luis Vaz de Camões é seguramente a obra prima da língua portuguesa. A obra é um poema épico trazendo em si expressões do humanismo renascentista. Pertence a Era Clássica.
A Era Clássica corresponde a Idade Moderna e é dividida em três períodos, que chamamos de escolas literárias: o Classicismo, o Barroco e o Arcadismo.

ERA CLÁSSICA (séculos XVI, XVII e XVIII)

  • Classicismo (ano de 1500, século XVI) é nesse período que vivi Luís Vaz de Camões, Os Lusíadas é publicado no ano de 1572. Nesse período há um ressurgimento da antiguidade clássica grego-latina. Iniciado na Itália, espalhou-se por toda a Europa. É uma verdadeira redescoberta do homem como centro de criação.  
CARACTERÍSTICAS DESSE PERÍODO

  • Criação da medida nova: versos decassílabos (dez sílabas poéticas);
  • Valorização de formas clássicas: os sonetos e os poemas épicos (longos poemas narrativos que mostra conflitos entre os homens e os deuses, são modelos clássicos a serem seguidos: A Ilíada e A Odisseia, do poeta grego Homero, de 850 a.C e A Eneida, do poeta latino Virgínio, do século I a.C).
  • O paganismo: valorização da mitologia grego-romana.
  • Antropocentrismo (homem em evidência);
  • Perfeição formal (rigor em busca da pureza formal);
  • Universalismo (abordagem de temas universais);
  • Humanismo (teocentrismo X antropocentrismo);
  • Busca do equilíbrio entre razão e sentimento.
Em Portugal, o Classicismo tem como marco inicial o ano de 1527, com a introdução da medida nova pelo poeta Francisco de Sá Miranda, que viveu um período na Itália e voltou para Portugal com grandes ideias de renovação da literatura. Encerrando no ano de 1580, ano da morte de Camões e início do período da dominação espanhola sobre Portugal. 

OS LUSÍADAS 
Poema épico que narra de forma poética a viagem de Vasco da Gama ao redor da África e a descoberta do caminho marítimo para se chegar às índias. Esse feito para época equivale a viagem do homem à lua no século XX. Camões se valeu desse fato para com maestria cantar toda a história do povo português e o exaltar como uma grande nação. Diga-se que na época, Portugal era uma grande potência naval.

ESTRUTURA DA OBRA
O Lusíadas está dividido em dez cantos, cada canto é dividido em oitavas, estrofes de 8 versos decassílabos, seguindo o esquema de rima ABABABCC, são ao todo 1.102 estrofes e um total de 8.816 versos.
Veja abaixo a primeira estrofe do Canto I, feita a escansão e mostrando o esquema rimático. As seis primeiras rimas são cruzadas e as duas últimas emparelhadas.

  1    2    3     4     5     6    7  8   9  10
As /ar/mas/ e os/ ba/rões/ a/ssi/na  /la/ dos _ A
Que, da Ocidental praia Lusitana, - B
Por mares nunca de antes navegados, - A
Passaram ainda além da Tabrolana, - B
Em perigos e guerras esforçados -A
Mais do que prometia a força humana, - B    
E entre gente remota edificaram - C
Novo Reino, que tanto sublimaram; -C  


  • Esquema de rima: é como os versos vão rimar, nas estrofes de Os Lusíadas, o primeiro verso rima com o terceiro e com o quinto; o segundo rima com o quarto e com o sexto e os dois últimos rimam entre si. 
  • escansão: é a contagem das sílabas poéticas de cada verso, a sílaba poética é diferente da sílaba gramatical: só se conta até a última sílaba tônica de cada verso, quando uma palavra termina em vogal e a próxima começa com vogal as sílabas se juntam, não se separa ss nem rr. 
ESTRUTURA CLÁSSICA DA EPOPEIA
  • Divisão em quatro partes distintas: 
a) Proposição;
b) Invocação;
c) Dedicatória;
d) Narração.

O QUE SE PASSA EM CADA CANTO

CANTO I - apresentação do tema, "Que eu canto a o peito ilustre Lusitano", ou seja, o orgulho e a glória do povo português (lusitano)interessante ver na quarta estrofe do desse primeiro canto:

Cessem do sábio Grego e do Troiano
As navegações grandes que fizeram;
Calem-se de Alexandre e de Trajano
A fama das vitórias que tiveram;
Que eu canto a o peito ilustre Lusitano,
A quem Nepturno e Marte obedeceram.
Cesse tudo o que a Musa antiga canta, 
Que outro valor mais alto se alevanta.
Ainda no Canto I acontece a reunião dos deuses no Olimpo, quando Júpiter adere ao partido de Vênus em favor dos navegantes portugueses. Baco, temendo perder o seu domínio sobre o Oriente, decide se opor aos portugueses navegantes. Veja a estrofe 20,Canto I:

Quando os Deuses no Olimpo luminoso,
Onde o governo está da humana gente,
Se ajuntaram em consílio glorioso,
Sobre as cousas futuras do Oriente.
Pisando o cristalino Céu formoso,
Vem pela Via Láctea, juntamente
Convocados da parte de Tonante,
Pelo neto gentil do velho Atlante. 

Esse é o momento em que os Deuses estão se reunindo no Olimpo para decidirem sobre a sorte dos navegantes portugueses. "Tonante"é Júpiter, aquele que fazia os tons das trovoadas. Além do plano da viagem dos navegantes, a narrativa também se dá no plano mitológico, plano dos Deuses, ou Maravilhoso. Existe ainda na obra mais dois planos: o da história de Portugal e o plano das considerações do poeta. 
O desentendimento entre os Deuses que tomaram partidos diferentes marcara a intriga da obra. 

 CANTO II - Os portugueses são iludidos por Baco e quase desembarcam em Mombaça, onde havia uma cilada preparada para eles. Porém, conseguem se salvar com a ajuda de Vênus auxiliada pelas nereidas. 
CANTO III - Vasco da Gama é recebido pelo rei de Melinde.
CANTO IV e V - Vasco da Gama narra ao rei de Melinde a gloriosa história de Portugal e sua viagem.
CANTO VI - Quando os navegadores partem de Melinde, enfrentam uma grande tempestade provocada por Eolo, que havia sido convencido por Baco. No entanto, as ninfas de Vênus seduzem Eolo e acalmam a fúria dos ventos. 
CANTO VII - Os lusos chegam a Calicute, onde fazem amizade com o berbere Monçaide. O Samorim, rei de Malabar, recebe Vasco da Gama.
CANTO VIII - A frota é visitada pelo catual (ministro) do Samorim. Os maometanos são incitados por Baco e se levantam contra os navegantes portugueses. Porém, os portugueses convencem o rei de sua boa-fé, mas o fato os coloca em perigo e eles partem. 
CANTO IX- Os lusos são advertidos por Monçaide de que há um plano para distraí-los até a chegada de navios que atacarão a frota. Vasco da Gama inicia o regresso e, no caminho, encontra a ilha dos Amores, preparada por Vênus para acolhimento e prêmio aos esforçados navegantes. 
CANTO X - Mostra Tétis, em seu magnífico palácio, profetizando as façanhas futuras dos portugueses. Após repousarem do cansaço e das aventuras da longa viagem, os lusos zarpam de regresso em Lisboa. 


Agora nos deteremos no Canto VI, estrofes 70 a 91, cobradas nos exames do PRISE/PROSEL da Universidade Estadual do Pará.
Temos nessas estrofes o episódio da grande tempestade provocada por Eolo, a mando de Baco. Veja na estrofe 70, transcrita abaixo.

70
Mas neste passo, assi prontos estando,
Eis o mestre, que olhando os ares anda,
O apito toca: acordam, despertando,
Os marinheiros dũa e doutra banda,
E, porque o vento vinha refrescando,
Os traquetes das gáveas tomar manda.
– «Alerta (disse) estai, que o vento cresce
Daquela nuvem negra que aparece!


assi = assi
dua = de uma

O capitão vendo se formar uma grande tempestade acorda os marinheiros que estavam dormindo. "Os traquetes das gáveas tomar manda". As maiores dificuldades dos leitores jovens do nosso tempo será com certeza a linguagem do texto. Primeiro por ser antiga, segundo por utilizar termos próprios da navegação naval. Vamos então tentar clarear essa leitura para nossos alunos. É claro que também, a própria estrutura invertida das frase e dos termos das orações complica um pouco a leitura, porém isso já é comum ao texto literário e o aluno deve se acostumar a isso. Por exemplo "tomar manda" ao invés de "manda tomar".
Abaixo mostramos uma imagem tirada do goolge imagem, que ajudará o aluno a visualizar a cena e a entender a ordem do capitão, avistada a tempestade, mandou tomar os traquetes das gáveas.



Então, gáveas são as velas, traquete é o mastro principal.

Na segundo estrofe, o aluno não entende o desespero do comandante se não souber o significado do verbo "amainar" em desespero, ao ver a tempestade se aproximando ele grita "amaina a grande vela", ou seja "baixe a grande vela". Numa tempestade esse é um procedimento padrão, baixar as velas.Veja a estrofe.
71

Não eram os traquetes bem tomados,
Quando dá a grande e súbita procela.
– «Amaina (disse o mestre a grandes brados),
Amaina (disse), amaina a grande vela!»
Não esperam os ventos indinados
Que amainassem, mas, juntos dando nela,
Em pedaços a fazem cum ruído
Que o Mundo pareceu ser destruído!
procela = tempestade, tormenta, temporal. 

O próprio verbo "amainar" tem o significado de "baixar as velas". Os ventos "indignados" não esperaram que os marinheiros amainassem e destroem as velas. Na estrofe 72 temos a consequência do vento ter destruído as velas e outra palavra de ordem do capitão "Alija, disse o mestre rijamente/Alija tudo ao mar, não falte acordo!".Mais uma vez é preciso entender o significado de "alijar". Pelo contexto fica fácil saber que "alijar" significa "jogar tudo ao mar", "aliar". Vejamos a estrofe. 
72
O céu fere com gritos nisto a gente,
Cum súbito temor e desacordo;
Que, no romper da vela, a nau pendente
Toma grão suma d' água pelo bordo.
– «Alija (disse o mestre rijamente,
Alija tudo ao mar, não falte acordo!
Vão outros dar à bomba, não cessando;
À bomba, que nos imos alagando!


nau=embarcação, caravela.
cum = com
grão = grande
suma = soma

"Vão outros dar à bomba,não cessando". Vão outros bombear a água sem parar, que estamos alagando!

73
Correm logo os soldados animosos
A dar à bomba; e, tanto que chegaram,
Os balanços que os mares temerosos
Deram à nau, num bordo os derribaram.
Três marinheiros, duros e forçosos,
A menear o leme não bastaram;
Talhas lhe punham, dũa e doutra parte,
Sem aproveitar dos homens força e arte.


Veja que a situação está difícil de ser controlada, os marinheiros são jogados de um bordo, lado, a outro da nau. Três marinheiros fortes e duros não conseguem menear, controlar, a embarcação tamanha é a força dos ventos. 

74
Os ventos eram tais que não puderam
Mostrar mais força d' ímpeto cruel,
Se pera derribar então vieram
A fortíssima Torre de Babel.
Nos altíssimos mares, que creceram,
A pequena grandura dum batel
Mostra a possante nau, que move espanto,
Vendo que se sustém nas ondas tanto.

Os ventos estavam soprando com toda força e crueldade, que seriam capazes de derrubar a Torre de Babel, mas espantosamente a nau mostra-se possante e mantem-se nas ondas. É como se a grande fúria dos ventos apenas atestassem a força e grandeza portuguesa.

Paulo da Gama, irmão de Vasco da Gama, vem em outra nau, que foi igualmente assolada pela tempestade. Teve o mastro quebrado ao meio, a nau está prestes a afundar e os marinheiros clamam por Cristo, "Aquele que a salvar o mundo veio". A nau de Coelho foi a única que se salvou pois "o mestre teve tanto tento" amainou antes que o vento chegasse.
75
A nau grande, em que vai Paulo da Gama,
Quebrado leva o masto pelo meio,
Quási toda alagada; a gente chama
Aquele que a salvar o mundo veio.
Não menos gritos vãos ao ar derrama
Toda a nau de Coelho, com receio,
Conquanto teve o mestre tanto tento
Que primeiro amainou que desse o vento.

A partir da estrofe 76 entramos no plano dos Deuses, ou do maravilhoso, Nepturno,o deus do mar, correspondente ao Poseidon, está "furibundo", enfurecido, bravo. Noto, Austro, Bóreas, Áquilo, os deuses dos ventos, parece que querem destruir o mundo.
76
Agora sobre as nuvens os subiam
As ondas de Neptuno furibundo;
Agora a ver parece que deciam
As íntimas entranhas do Profundo.
Noto, Austro, Bóreas, Áquilo, queriam
Arruinar a máquina do Mundo;
A noite negra e feia se alumia
Cos raios em que o Pólo todo ardia!

(CONTINUAREI A POSTAGEM)

sexta-feira, 23 de maio de 2014

CANTO SEXTO, ESTROFES 71 A 91 DE OS LUSÍADAS, DE LUÍS VAZ DE CAMÕES

Qualquer estudioso de literatura de língua portuguesa que se proponha a analisar a obra de Camões, em particular, Os Lusíadas, saberá que sua análise não passará de mera repetição do que tanto já foi comentado sobre esse best seller da "última flor do Laccio" que é a língua portuguesa. Dessa forma, sendo vasto o repertório de análises dessa obra n web, lançarei mão daquilo que for mais cômodo citar, assegurando a citação da fonte consultada.
Abaixo citamos, o canto sexto na íntegra, do qual consta como leitura sugerida para o Prise/Prosel da Universidade Estadual do Pará - UEPA, as estrofes de 71 a 91, que relata o episódio da tempestade enfrentada por Vasco da Gama, já próximo a chegar às Índias.
Veja abaixo um mapa que representa o trajeto da viagem desse navegante português que serviu como tema para Camões cantar a glória do povo português.



OS LUSÍADAS, DE LUÍS VAZ DE CAMÕES
( NA POSTAGEM DE DOMINGO PUBLICAREI A ANÁLISE DA OBRA) CANTO SEXTO




Canto VI

1
NÃO sabia em que modo festejasse
O Rei Pagão os fortes navegantes,
Pera que as amizades alcançasse
Do Rei Cristão, das gentes tão possantes.
Pesa-lhe que tão longe o apousentasse
Das Europeias terras abundantes
A ventura, que não no fez vizinho
Donde Hércules ao mar abriu o caminho.
2
Com jogos, danças e outras alegrias,
A segundo a polícia Melindana,
Com usadas e ledas pescarias,
Com que a Lageia António alegra e engana,
Este famoso Rei, todos os dias
Festeja a companhia Lusitana,
Com banquetes, manjares desusados,
Com frutas, aves, carnes e pescados.
3
Mas vendo o Capitão que se detinha
Já mais do que devia, e o fresco vento
O convida que parta e tome asinha
Os pilotos da terra e mantimentos
Não se quer mais deter, que ainda tinha
Muito pera cortar do salso argento.
Já do Pagão benigno se despede,
Que a todos amizade longa pede.
4
Pede-lhe mais que aquele porto seja
Sempre com suas frotas visitado,
Que nenhum outro bem maior deseja
Que dar a tais barões seu reino e estado;
E que, enquanto seu corpo o esprito reja,
Estará de contino aparelhado
A pôr a vida e reino totalmente
Por tão bom Rei, por tão sublime gente.
5
Outras palavras tais lhe respondia
O Capitão, e logo, as velas dando,
Pera as terras da Aurora se partia,
Que tanto tempo há já que vai buscando.
No piloto que leva não havia
Falsidade, mas antes vai mostrando
A navegação certa; e assi caminha
Já mais seguro do que dantes vinha.
6
As ondas navegavam do Oriente,
Já nos mares da Índia, e enxergavam
Os tálamos do Sol, que nace ardente;
Já quási seus desejos se acabavam;
Mas o mau de Tioneu, que na alma sente
As venturas que então se aparelhavam
À gente Lusitana, delas dina,
Arde, morre, blasfema e desatina.
7
Via estar todo o Céu determinado
De fazer de Lisboa nova Roma;
Não no pode estorvar, que destinado
Está doutro Poder que tudo doma.
Do Olimpo dece enfim, desesperado;
Novo remédio em terra busca e toma:
Entra no húmido reino e vai-se à corte
Daquele a quem o mar caiu em sorte.
8
No mais interno fundo das profundas
Cavernas altas, onde o mar se esconde,
Lá donde as ondas saem furibundas
Quando às iras do vento o mar responde,
Neptuno mora e moram as jocundas
Nereidas e outros Deuses do mar, onde
As águas campo deixam às cidades
Que habitam estas húmidas Deidades.
9
Descobre o fundo nunca descoberto
As areias ali de prata fina;
Torres altas se vêem, no campo aberto,
Da transparente massa cristalina;
Quanto se chegam mais os olhos perto
Tanto menos a vista determina
Se é cristal o que vê, se diamante,
Que assi se mostra claro e radiante.
10
As portas d' ouro fino, e marchetadas
Do rico aljôfar que nas conchas nace,
De escultura fermosa estão lavradas,
Na qual do irado Baco a vista pace;
E vê primeiro, em cores variadas,
Do velho Caos a tão confusa face;
Vêm-se os quatro Elementos trasladados,
Em diversos ofícios ocupados.
11
Ali, sublime, o Fogo estava em cima,
Que em nenhũa matéria se sustinha;
Daqui as cousas vivas sempre anima,
Despois que Prometeu furtado o tinha.
Logo após ele, leve se sublima
O invisíbil Ar, que mais asinha
Tomou lugar e, nem por quente ou frio,
Algum deixa no mundo estar vazio.
12
Estava a Terra em montes, revestida
De verdes ervas e árvores floridas,
Dando pasto diverso e dando vida
Às alimárias nela produzidas.
A clara forma ali estava esculpida
Das Águas, entre a terra desparzidas,
De pescados criando vários modos,
Com seu humor mantendo os corpos todos.
13
Noutra parte, esculpida estava a guerra
Que tiveram os Deuses cos Gigantes;
Está Tifeu debaixo da alta serra
De Etna, que as flamas lança crepitantes.
Esculpido se vê, ferindo a Terra,
Neptuno, quando as gentes, ignorantes,
Dele o cavalo houveram, e a primeira
De Minerva pacífica ouliveira.
14
Pouca tardança faz Lieu irado
Na vista destas cousas, mas entrando
Nos paços de Neptuno, que, avisado
Da vinda sua, o estava já aguardando,
Às portas o recebe, acompanhado
Das Ninfas, que se estão maravilhando
De ver que, cometendo tal caminho,
Entre no reino d' água o Rei do vinho.
15
– «Ó Neptuno (lhe disse) não te espantes
De Baco nos teus reinos receberes,
Porque também cos grandes e possantes
Mostra a Fortuna injusta seus poderes.
Manda chamar os Deuses do mar, antes
Que fale mais, se ouvir-me o mais quiseres;
Verão da desventura grandes modos:
Ouçam todos o mal que toca a todos.»
16
Julgando já Neptuno que seria
Estranho caso aquele, logo manda
Tritão, que chame os Deuses da água fria,
Que o mar habitam dua e doutra banda.
Tritão, que de ser filho se gloria
Do Rei e de Salácia veneranda,
Era mancebo grande, negro e feio,
Trombeta de seu pai e seu correio.
17
Os cabelos da barba e os que decem
Da cabeça nos ombros, todos eram
Uns limos prenhes d' água, e bem parecem
Que nunca brando pêntem conheceram.
Nas pontas pendurados não falecem
Os negros mexilhões, que ali se geram.
Na cabeça, por gorra, tinha posta
Ũa mui grande casca de lagosta.
18
O corpo nu, e os membros genitais,
Por não ter ao nadar impedimento,
Mas porém de pequenos animais
Do mar todos cobertos, cento e cento:
Camarões e cangrejos e outros mais,
Que recebem de Febe crecimento;
Ostras e birbigões, do musco sujos,
Às costas co a casca os caramujos.
19
Na mão a grande concha retorcida
Que trazia, com força já tocava;
A voz grande, canora, foi ouvida
Por todo o mar, que longe retumbava.
Já toda a companhia, apercebida,
Dos Deuses pera os paços caminhava
Do Deus que fez os muros de Dardânia,
Destruídos despois da Grega insânia.
20
Vinha o padre Oceano, acompanhado
Dos filhos e das filhas que gerara;
Vem Nereu, que com Dóris foi casado,
Que todo o mar de Ninfas povoara.
O profeta Proteu, deixando o gado
Marítimo pacer pela água amara,
Ali veio também, mas já sabia
O que o padre Lieu no mar queria.
21
Vinha por outra parte a linda esposa
De Neptuno, de Celo e Vesta filha,
Grave e leda no gesto, e tão fermosa
Que se amansava o mar, de maravilha.
Vestida ũa camisa preciosa
Trazia, de delgada beatilha,
Que o corpo cristalino deixa ver-se,
Que tanto bem não é pera esconder-se.
22
Anfitrite, fermosa como as flores,
Neste caso não quis que falecesse;
O delfim traz consigo que aos amores
Do Rei lhe aconselhou que obedecesse.
Cos olhos, que de tudo são senhores,
Qualquer parecerá que o Sol vencesse.
Ambas vêm pela mão, igual partido,
Pois ambas são esposas dum marido.
23
Aquela que, das fúrias de Atamante
Fugindo, veio a ter divino estado,
Consigo traz o filho, belo infante,
No número dos Deuses relatado;
Pela praia brincando vem, diante,
Com as lindas conchinhas, que o salgado
Mar sempre cria; e às vezes pela areia
No colo o toma a bela Panopeia.
24
E o Deus que foi num tempo corpo humano
E por virtude da erva poderosa,
Foi convertido em pexe, e deste dano
Lhe resultou Deidade gloriosa,
Inda vinha chorando o feio engano
Que Circes tinha usado co a fermosa
Scila, que ele ama, desta sendo amado,
Que a mais obriga amor mal empregado.
25
Já finalmente todos assentados
Na grande sala, nobre e divinal,
As Deusas em riquíssimos estrados,
Os Deuses em cadeiras de cristal,
Foram todos do Padre agasalhados,
Que co Tebano tinha assento igual;
De fumos enche a casa a rica massa
Que no mar nace e Arábia em cheiro passa.
26
Estando sossegado já o tumulto
Dos Deuses e de seus recebimentos,
Começa a descobrir do peito oculto
A causa o Tioneu de seus tormentos;
Um pouco carregando-se no vulto,
Dando mostra de grandes sentimentos,
Só por dar aos de Luso triste morte
Co ferro alheio, fala desta sorte:
27
– «Príncipe, que de juro senhoreias,
Dum Pólo ao outro Pólo, o mar irado,
Tu, que as gentes da Terra toda enfreias,
Que não passem o termo limitado;
E tu, padre Oceano, que rodeias
O Mundo universal e o tens cercado,
E com justo decreto assi permites
Que dentro vivam só de seus limites;
28
«E vós, Deuses do Mar, que não sofreis
Injúria algũa em vosso reino grande,
Que com castigo igual vos não vingueis
De quem quer que por ele corra e ande:
Que descuido foi este em que viveis?
Quem pode ser que tanto vos abrande
Os peitos, com razão endurecidos
Contra os humanos, fracos e atrevidos?
29
«Vistes que, com grandíssima ousadia,
Foram já cometer o Céu supremo;
Vistes aquela insana fantasia
De tentarem o mar com vela e remo;
Vistes, e ainda vemos cada dia,
Soberbas e insolências tais, que temo
Que do Mar e do Céu, em poucos anos,
Venham Deuses a ser, e nós, humanos.
30
«Vedes agora a fraca geração
Que dum vassalo meu o nome toma,
Com soberbo e altivo coração
A vós e a mi e o mundo todo doma.
Vedes, o vosso mar cortando vão,
Mais do que fez a gente alta de Roma;
Vedes, o vosso reino devassando,
Os vossos estatutos vão quebrando.
31
«Eu vi que contra os Mínias, que primeiro
No vosso reino este caminho abriram,
Bóreas, injuriado, e o companheiro
Áquilo e os outros todos resistiram.
Pois se do ajuntamento aventureiro
Os ventos esta injúria assi sentiram,
Vós, a quem mais compete esta vingança,
Que esperais? Porque a pondes em tardança?
32
«E não consinto, Deuses, que cuideis
Que por amor de vós do Céu deci,
Nem da mágoa da injúria que sofreis,
Mas da que se me faz também a mi;
Que aquelas grandes honras que sabeis
Que no mundo ganhei, quando venci
As terras Indianas do Oriente,
Todas vejo abatidas desta gente.
33
«Que o grão Senhor e Fados, que destinam,
Como lhe bem parece, o baxo mundo,
Famas, mores que nunca, determinam
De dar a estes barões no mar profundo.
Aqui vereis, ó Deuses, como ensinam
O mal também a Deuses; que, a segundo
Se vê, ninguém já tem menos valia
Que quem com mais razão valer devia.
34
«E por isso do Olimpo já fugi,
Buscando algum remédio a meus pesares,
Por ver o preço que no Céu perdi,
Se por dita acharei nos vossos mares.»
Mais quis dizer, e não passou daqui,
Porque as lágrimas já, correndo a pares,
Lhe saltaram dos olhos, com que logo
Se acendem as Deidades d' água em fogo.
35
A ira com que súbito alterado
O coração dos Deuses foi num ponto,
Não sofreu mais conselho bem cuidado
Nem dilação nem outro algum desconto:
Ao grande Eolo mandam já recado,
Da parte de Neptuno, que sem conto
Solte as fúrias dos ventos repugnantes,
Que não haja no mar mais navegantes!
36
Bem quisera primeiro ali Proteu
Dizer, neste negócio, o que sentia;
E, segundo o que a todos pareceu,
Era algũa profunda profecia.
Porém tanto o tumulto se moveu,
Súbito, na divina companhia,
Que Tétis, indinada, lhe bradou:
– «Neptuno sabe bem o que mandou!»
37
Já lá o soberbo Hipótades soltava
Do cárcere fechado os furiosos
Ventos, que com palavras animava
Contra os varões audaces e animosos.
Súbito, o céu sereno se obumbrava,
Que os ventos, mais que nunca impetuosos,
Começam novas forças a ir tomando,
Torres, montes e casas derribando.
38
Enquanto este conselho se fazia
No fundo aquoso, a leda, lassa frota
Com vento sossegado prosseguia,
Pelo tranquilo mar, a longa rota.
Era no tempo quando a luz do dia
Do Eóo Hemispério está remota;
Os do quarto da prima se deitavam,
Pera o segundo os outros despertavam.
39
Vencidos vêm do sono e mal despertos;
Bocijando, a miúdo se encostavam
Pelas antenas, todos mal cobertos
Contra os agudos ares que assopravam;
Os olhos contra seu querer abertos;
Mas estregando, os membros estiravam.
Remédios contra o sono buscar querem,
Histórias contam, casos mil referem.
40
– «Com que milhor podemos (um dizia)
Este tempo passar, que é tão pesado,
Senão com algum conto de alegria,
Com que nos deixe o sono carregado?»
Responde Leonardo, que trazia
Pensamentos de firme namorado:
– «Que contos poderemos ter milhores,
Pera passar o tempo, que de amores?»
41
– «Não é (disse Veloso) cousa justa
Tratar branduras em tanta aspereza,
Que o trabalho do mar, que tanto custa,
Não sofre amores nem delicadeza;
Antes de guerra, férvida e robusta
A nossa história seja, pois dureza
Nossa vida há-de ser, segundo entendo,
Que o trabalho por vir mo está dizendo.»
42
Consentem nisto todos, e encomendam
A Veloso que conte isto que aprova.
– «Contarei (disse) sem que me reprendam
De contar cousa fabulosa ou nova;
E por que os que me ouvirem daqui aprendam
A fazer feitos grandes de alta prova,
Dos nacidos direi na nossa terra,
E estes sejam os Doze de Inglaterra.
43
«No tempo que do Reino a rédea leve,
João, filho de Pedro, moderava,
Despois que sossegado e livre o teve
Do vizinho poder, que o molestava,
Lá na grande Inglaterra, que da neve
Boreal sempre abunda, semeava
A fera Erínis dura e má cizânia,
Que lustre fosse a nossa Lusitânia.
44
«Entre as damas gentis da corte Inglesa
E nobres cortesãos, acaso um dia
Se levantou discórdia, em ira acesa
(Ou foi opinião, ou foi porfia).
Os cortesãos, a quem tão pouco pesa
Soltar palavras graves de ousadia,
Dizem que provarão que honras e famas
Em tais damas não há pera ser damas;
45
«E que se houver alguém, com lança e espada,
Que queira sustentar a parte sua,
Que eles, em campo raso ou estacada,
Lhe darão feia infâmia ou morte crua.
A feminil fraqueza, pouco usada,
Ou nunca, a opróbrios tais, vendo-se nua
De forças naturais convenientes,
Socorro pede a amigos e parentes.
46
«Mas, como fossem grandes e possantes
No reino os inimigos, não se atrevem
Nem parentes, nem férvidos amantes,
A sustentar as damas, como devem.
Com lágrimas fermosas, e bastantes
A fazer que em socorro os Deuses levem
De todo o Céu, por rostos de alabastro,
Se vão todas ao Duque de Alencastro.
47
«Era este Ingrês potente e militara
Cos Portugueses já contra Castela,
Onde as forças magnânimas provara
Dos companheiros, e benigna estrela.
Não menos nesta terra exprimentara
Namorados afeitos, quando nela
A filha viu, que tanto o peito doma
Do forte Rei, que por mulher a toma.
48
«Este, que socorrer-lhe não queria
Por não causar discórdias intestinas,
Lhe diz: – «Quando o direito pretendia
Do Reino lá das terras Iberinas,
Nos Lusitanos vi tanta ousadia,
Tanto primor e partes tão divinas,
Que eles sós poderiam, se não erro
Sustentar vossa parte a fogo e ferro;
49
«E se, agravadas damas, sois servidas,
Por vós lhe mandarei embaixadores,
Que, por cartas discretas e polidas,
De vosso agravo os façam sabedores;
Também, por vossa parte, encarecidas
Com palavras d' afagos e d' amores
Lhe sejam vossas lágrimas, que eu creio
Que ali tereis socorro e forte esteio.»
50
«Destarte as aconselha o Duque experto
E logo lhe nomeia doze fortes;
E por que cada dama um tenha certo,
Lhe manda que sobre eles lancem sortes,
Que elas só doze são; e descoberto
Qual a qual tem caído das consortes,
Cad' ũa escreve ao seu, por vários modos,
E todas a seu Rei, e o Duque a todos.
51
«Já chega a Portugal o mensageiro,
Toda a corte alvoroça a novidade;
Quisera o Rei sublime ser primeiro,
Mas não lho sofre a régia Majestade.
Qualquer dos cortesãos aventureiro
Deseja ser, com férvida vontade,
E só fica por bem-aventurado
Quem já vem pelo Duque nomeado.
52
«Lá na leal cidade donde teve
Origem (como é fama) o nome eterno
De Portugal, armar madeiro leve
Manda o que tem o leme do governo.
Apercebem-se os doze, em tempo breve,
D' armas e roupas de uso mais moderno,
De elmos, cimeiras, letras e primores,
Cavalos, e concertos de mil cores.
53
«Já do seu Rei tomado têm licença,
Pera partir do Douro celebrado,
Aqueles que escolhidos por sentença
Foram do Duque Inglês exprimentado.
Não há na companhia diferença
De cavaleiro, destro ou esforçado;
Mas um só, que Magriço se dizia,
Destarte fala à forte companhia:
54
– «Fortíssimos consócios, eu desejo
Há muito já de andar terras estranhas,
Por ver mais águas que as do Douro e Tejo,
Várias gentes e leis e várias manhas.
Agora que aparelho certo vejo,
(Pois que do mundo as cousas são tamanhas)
Quero, se me deixais, ir só por terra,
Porque eu serei convosco em Inglaterra.
55
«E quando caso for que eu, impedido
Por Quem das cousas é última linha,
Não for convosco ao prazo instituído,
Pouca falta vos faz a falta minha:
Todos por mi fareis o que é devido.
Mas, se a verdade o esprito me adivinha,
Rios, montes, Fortuna ou sua enveja
Não farão que eu convosco lá não seja.»
56
«Assi diz e, abraçados os amigos
E tomada licença, enfim se parte.
Passa Lião, Castela, vendo antigos
Lugares que ganhara o pátrio Marte;
Navarra, cos altíssimos perigos
Do Perineu, que Espanha e Gália parte.
Vistas, enfim, de França as cousas grandes,
No grande empório foi parar de Frandes.
57
«Ali chegado, ou fosse caso ou manha,
Sem passar se deteve muitos dias.
Mas dos onze a ilustríssima companha
Cortam do Mar do Norte as ondas frias;
Chegados de Inglaterra à costa estranha,
Pera Londres já fazem todos vias;
Do Duque são com festas agasalhados
E das damas servidos e amimados.
58
«Chega-se o prazo e dia assinalado
De entrar em campo já cos doze Ingleses,
Que pelo Rei já tinham segurado;
Armam-se d' elmos, grevas e de arneses.
Já as damas têm por si, fulgente e armado,
O Mavorte feroz dos Portugueses;
Vestem-se elas de cores e de sedas,
De ouro e de jóias mil, ricas e ledas.
59
«Mas aquela a quem fora em sorte dado
Magriço, que não vinha, com tristeza
Se veste, por não ter quem nomeado
Seja seu cavaleiro nesta empresa;
Bem que os onze apregoam que acabado
Será o negócio assi na corte Inglesa,
Que as damas vencedoras se conheçam,
Posto que dous e três dos seus faleçam.
60
«Já num sublime e púbrico teatro
Se assenta o Rei Inglês com toda a corte;
Estavam três e três e quatro e quatro,
Bem como a cada qual coubera em sorte;
Não são vistos do Sol, do Tejo ao Batro,
De força, esforço e d' ânimo mais forte,
Outros doze sair, como os Ingleses,
No campo, contra os onze Portugueses.
61
«Mastigam os cavalos, escumando,
Os áureos freios, com feroz sembrante;
Estava o Sol nas armas rutilando,
Como em cristal ou rígido diamante;
Mas enxerga-se, num e noutro bando,
Partido desigual e dissonante
Dos onze contra os doze; quando a gente
Começa a alvoroçar-se geralmente.
62
«Viram todos o rosto aonde havia
A causa principal do reboliço:
Eis entra um cavaleiro, que trazia
Armas, cavalo, ao bélico serviço;
Ao Rei e às damas fala e logo se ia
Pera os onze, que este era o grão Magriço;
Abraça os companheiros, como amigos
A quem não falta, certo nos perigos.
63
«A dama, como ouviu que este era aquele
Que vinha a defender seu nome e fama,
Se alegra e veste ali do animal de Hele,
Que a gente bruta mais que virtude ama.
Já dão sinal, e o som da tuba impele
Os belicosos ânimos, que inflama;
Picam d' esporas, largam rédeas logo,
Abaxam lanças, fere a terra fogo;
64
«Dos cavalos o estrépito parece
Que faz que o chão debaixo todo treme;
O coração no peito que estremece
De quem os olha, se alvoroça e teme.
Qual do cavalo voa, que não dece;
Qual, co cavalo em terra dando, geme;
Qual vermelhas as armas faz de brancas;
Qual cos penachos do elmo açouta as ancas.
65
«Algum dali tomou perpétuo sono
E fez da vida ao fim breve intervalo;
Correndo, algum cavalo vai sem dono,
E noutra parte o dono sem cavalo.
Cai a soberba Inglesa de seu trono,
Que dous ou três já fora vão do valo.
Os que de espada vêm fazer batalha,
Mais acham já que arnês, escudo e malha.
66
«Gastar palavras em contar extremos
De golpes feros, cruas estocadas,
É desses gastadores, que sabemos,
Maus do tempo com fábulas sonhadas.
Basta, por fim do caso, que entendemos
Que com finezas altas e afamadas,
Cos nossos fica a palma da vitória
E as damas vencedoras e com glória.
67
«Recolhe o Duque os doze vencedores
Nos seus paços, com festas e alegria;
Cozinheiros ocupa e caçadores,
Das damas e fermosa companhia,
Que querem dar aos seus libertadores
Banquetes mil, cada hora e cada dia,
Enquanto se detêm em Inglaterra,
Até tornar à doce e cara terra.
68
«Mas dizem que, contudo, o grão Magriço,
Desejoso de ver as cousas grandes,
Lá se deixou ficar, onde um serviço
Notável à Condessa fez de Frandes;
E, como quem não era já noviço
Em todo trance onde tu, Marte, mandes,
Um Francês mata em campo, que o destino
Lá teve de Torcato e de Corvino.
69
«Outro também dos doze em Alemanha
Se lança e teve um fero desafio
Cum Germano enganoso, que, com manha
Não devida, o quis pôr no extremo fio.»
Contando assi Veloso, já a companha
Lhe pede que não faça tal desvio
Do caso de Magriço e vencimento,
Nem deixe o de Alemanha em esquecimento.
70
Mas neste passo, assi prontos estando,
Eis o mestre, que olhando os ares anda,
O apito toca: acordam, despertando,
Os marinheiros dũa e doutra banda,
E, porque o vento vinha refrescando,
Os traquetes das gáveas tomar manda.
– «Alerta (disse) estai, que o vento crece
Daquela nuvem negra que aparece!»
71
Não eram os traquetes bem tomados,
Quando dá a grande e súbita procela.
– «Amaina (disse o mestre a grandes brados),
Amaina (disse), amaina a grande vela!»
Não esperam os ventos indinados
Que amainassem, mas, juntos dando nela,
Em pedaços a fazem cum ruído
Que o Mundo pareceu ser destruído!
72
O céu fere com gritos nisto a gente,
Cum súbito temor e desacordo;
Que, no romper da vela, a nau pendente
Toma grão suma d' água pelo bordo.
– «Alija (disse o mestre rijamente,
Alija tudo ao mar, não falte acordo! 
Vão outros dar à bomba, não cessando;
À bomba, que nos imos alagando!»
73
Correm logo os soldados animosos
A dar à bomba; e, tanto que chegaram,
Os balanços que os mares temerosos
Deram à nau, num bordo os derribaram.
Três marinheiros, duros e forçosos,
A menear o leme não bastaram;
Talhas lhe punham, dũa e doutra parte,
Sem aproveitar dos homens força e arte.
74
Os ventos eram tais que não puderam
Mostrar mais força d' ímpeto cruel,
Se pera derribar então vieram
A fortíssima Torre de Babel.
Nos altíssimos mares, que creceram,
A pequena grandura dum batel
Mostra a possante nau, que move espanto,
Vendo que se sustém nas ondas tanto.
75
A nau grande, em que vai Paulo da Gama,
Quebrado leva o masto pelo meio,
Quási toda alagada; a gente chama
Aquele que a salvar o mundo veio.
Não menos gritos vãos ao ar derrama
Toda a nau de Coelho, com receio,
Conquanto teve o mestre tanto tento
Que primeiro amainou que desse o vento.
76
Agora sobre as nuvens os subiam
As ondas de Neptuno furibundo;
Agora a ver parece que deciam
As íntimas entranhas do Profundo.
Noto, Austro, Bóreas, Áquilo, queriam
Arruinar a máquina do Mundo;
A noite negra e feia se alumia
Cos raios em que o Pólo todo ardia!
77
As Alciónias aves triste canto
Junto da costa brava levantaram,
Lembrando-se de seu passado pranto,
Que as furiosas águas lhe causaram.
Os delfins namorados, entretanto,
Lá nas covas marítimas entraram,
Fugindo à tempestade e ventos duros,
Que nem no fundo os deixa estar seguros.
78
Nunca tão vivos raios fabricou
Contra a fera soberba dos Gigantes
O grão ferreiro sórdido que obrou
Do enteado as armas radiantes;
Nem tanto o grão Tonante arremessou
Relâmpados ao mundo, fulminantes,
No grão dilúvio donde sós viveram
Os dous que em gente as pedras converteram.
79
Quantos montes, então, que derribaram
As ondas que batiam denodadas!
Quantas árvores velhas arrancaram
Do vento bravo as fúrias indinadas!
As forçosas raízes não cuidaram
Que nunca pera o céu fossem viradas,
Nem as fundas areias que pudessem
Tanto os mares que em cima as revolvessem.
80
Vendo Vasco da Gama que tão perto
Do fim de seu desejo se perdia,
Vendo ora o mar até o Inferno aberto,
Ora com nova fúria ao Céu subia,
Confuso de temor, da vida incerto,
Onde nenhum remédio lhe valia,
Chama aquele remédio santo e forte
Que o impossíbil pode, desta sorte:
81
– «Divina Guarda, angélica, celeste,
Que os céus, o mar e terra senhoreias:
Tu, que a todo Israel refúgio deste
Por metade das águas Eritreias;
Tu, que livraste Paulo e defendeste
Das Sirtes arenosas e ondas feias,
E guardaste, cos filhos, o segundo
Povoador do alagado e vácuo mundo:
82
«Se tenho novos medos perigosos
Doutra Cila e Caríbdis já passados,
Outras Sirtes e baxos arenosos,
Outros Acroceráunios infamados;
No fim de tantos casos trabalhosos,
Porque somos de Ti desamparados,
Se este nosso trabalho não te ofende,
Mas antes teu serviço só pretende?
83
«Oh ditosos aqueles que puderam
Entre as agudas lanças Africanas
Morrer, enquanto fortes sustiveram
A santa Fé nas terras Mauritanas;
De quem feitos ilustres se souberam,
De quem ficam memórias soberanas,
De quem se ganha a vida com perdê-la,
Doce fazendo a morte as honras dela!»
84
Assi dizendo, os ventos, que lutam
Como touros indómitos, bramando,
Mais e mais a tormenta acrecentavam,
Pela miúda enxárcia assoviando.
Relâmpados medonhos não cessavam,
Feros trovões, que vêm representando
Cair o Céu dos eixos sobre a Terra,
Consigo os Elementos terem guerra.
85
Mas já a amorosa Estrela cintilava
Diante do Sol claro, no horizonte,
Mensageira do dia, e visitava
A terra e o largo mar, com leda fronte.
A Deusa que nos Céus a governava,
De quem foge o ensífero Orionte,
Tanto que o mar e a cara armada vira,
Tocada junto foi de medo e de ira.
86
– «Estas obras de Baco são, por certo
(Disse), mas não será que avante leve
Tão danada tenção, que descoberto
Me será sempre o mal a que se atreve.»
Isto dizendo, dece ao mar aberto,
No caminho gastando espaço breve,
Enquanto manda as Ninfas amorosas
Grinaldas nas cabeças pôr de rosas.
87
Grinaldas manda pôr de várias cores
Sobre cabelos louros a porfia.
Quem não dirá que nacem roxas flores
Sobre ouro natural, que Amor enfia?
Abrandar determina, por amores,
Dos ventos a nojosa companhia,
Mostrando-lhe as amadas Ninfas belas,
Que mais fermosas vinham que as estrelas.
88
Assi foi; porque, tanto que chegaram
À vista delas, logo lhe falecem
As forças com que dantes pelejaram,
E já como rendidos lhe obedecem;
Os pés e mãos parece que lhe ataram
Os cabelos que os raios escurecem.
A Bóreas, que do peito mais queria,
Assi disse a belíssima Oritia:
89
– «Não creias, fero Bóreas, que te creio
Que me tiveste nunca amor constante,
Que brandura é de amor mais certo arreio
E não convém furor a firme amante.
Se já não pões a tanta insânia freio,
Não esperes de mi, daqui em diante,
Que possa mais amar-te, mas temer-te;
Que amor, contigo, em medo se converte.»
90
Assi mesmo a fermosa Galateia
Dizia ao fero Noto, que bem sabe
Que dias há que em vê-la se recreia,
E bem crê que com ele tudo acabe.
Não sabe o bravo tanto bem se o creia,
Que o coração no peito lhe não cabe;
De contente de ver que a dama o manda,
Pouco cuida que faz, se logo abranda.
91
Desta maneira as outras amansavam
Subitamente os outros amadores;
E logo à linda Vénus se entregavam,
Amansadas as iras e os furores.
Ela lhe prometeu, vendo que amavam,
Sempiterno favor em seus amores,
Nas belas mãos tomando-lhe homenagem
De lhe serem leais esta viagem.
92
Já a manhã clara dava nos outeiros
Por onde o Ganges murmurando soa,
Quando da celsa gávea os marinheiros
Enxergaram terra alta, pela proa.
Já fora de tormenta e dos primeiros
Mares, o temor vão do peito voa.
Disse alegre o piloto Melindano:
– «Terra é de Calecu, se não me engano.
93
«Esta é, por certo, a terra que buscais
Da verdadeira Índia, que aparece;
E se do mundo mais não desejais,
Vosso trabalho longo aqui fenece.»
Sofrer aqui não pôde o Gama mais,
De ledo em ver que a terra se conhece;
Os giolhos no chão, as mãos ao Céu,
A mercê grande a Deus agardeceu.
94
As graças a Deus dava, e razão tinha,
Que não somente a terra lhe mostrava
Que, com tanto temor, buscando vinha,
Por quem tanto trabalho exprimentava,
Mas via-se livrado, tão asinha,
Da morte, que no mar lhe aparelhava
O vento duro, férvido e medonho,
Como quem despertou de horrendo sonho.
95
Por meio destes hórridos perigos,
Destes trabalhos graves e temores,
Alcançam os que são de fama amigos
As honras imortais e graus maiores;
Não encostados sempre nos antigos
Troncos nobres de seus antecessores;
Não nos leitos dourados, entre os finos
Animais de Moscóvia zibelinos;
96
Não cos manjares novos e esquisitos,
Não cos passeios moles e ouciosos,
Não cos vários deleites e infinitos,
Que afeminam os peitos generosos;
Não cos nunca vencidos apetitos,
Que a Fortuna tem sempre tão mimosos,
Que não sofre a nenhum que o passo mude
Pera algũa obra heróica de virtude;
97
Mas com buscar, co seu forçoso braço,
As honras que ele chame próprias suas;
Vigiando e vestindo o forjado aço,
Sofrendo tempestades e ondas cruas,
Vencendo os torpes frios no regaço
Do Sul, e regiões de abrigo nuas,
Engolindo o corrupto mantimento
Temperado com um árduo sofrimento;
98
E com forçar o rosto, que se enfia,
A parecer seguro, ledo, inteiro,
Pera o pelouro ardente que assovia
E leva a perna ou braço ao companheiro.
Destarte o peito um calo honroso cria,
Desprezador das honras e dinheiro,
Das honras e dinheiro que a ventura
Forjou, e não virtude justa e dura.
99
Destarte se esclarece o entendimento,
Que experiências fazem repousado,
E fica vendo, como de alto assento,
O baxo trato humano embaraçado.
Este, onde tiver força o regimento
Direito e não de afeitos ocupado,
Subirá (como deve) a ilustre mando,
Contra vontade sua, e não rogando.
(http://www.alvarenga.net/canto6.htm)