terça-feira, 2 de outubro de 2012

ANALISES LITERÁRIA


ORIGENS DA LITERATURA PORTUGUESA – A ERA MEDIEVAL (1198 – 1434) O TROVADORISMO: A POESIA


Com a queda do Império Romano, conquistado pelos povos bárbaros, surge a arte românica entre os séculos XI e XII, semelhante a dos antigos romanos. As cruzadas, movimento militar de caráter cristão teve como objetivos colocar a Terra Santa sob o comando dos cristãos. Em consequência disso a Igreja se tornaria a responsável pela unificação da Europa. Passaria a controlar o pensamento e a vida cotidiana das pessoas.
A história de Portugal enquanto nação surge justamente nesse período. Do antigo Condado de Portu-Cali é que surge no século XII, ano de 1100 d.C., o Reino de Portugal. O portugês é uma língua em formação, chamado pelos linguistas de galaico-português, proto-língua que dará origem ao galego, na região da Galiza, e ao português em Portugal. É em galeico-português que se encontram escritas as primeiras composições poéticas de Portugal.
A CANTIGA DA RIBEIRINHA: esse é o texto mais antigo encontrado composto em português. A data mais aceita para sua composição é 1198, o autor é Paio Soares de Taveirós, provavelmente de origem galega. A coposição é uma cantiga de amor feita para Maria Pais Ribeiro – a Ribeirinha, que era amante de D. Sancho I.
S. Spina, ao analisar a produção literária portuguesa dos primórdios de sua história afirma:
“Não podemos compreender a floração literária desta primeira época – que é exclusivamente poética  até pouco depois do reinado de D. Dinis (1340) – se não procurarmos integrá-lo dentro de uma moldura não só peninsular, mas principalmente latino-medieval.”.
Isso significa que a poesia produzida nesse primeiro momento, entre os séculos XII e XIV, em Portugal faz parte de um contexto histórico e cultural que excede os limites da Península Ibérica, da qual Portugal faz parte. Ao findar o Império Romano, os vários  focos que constituem uma poética românica começam a ganhar características locais, mantendo, no entanto, resquícios de uma cultura geral qu foi a Românica. S. Spina cita quatro dessas que ele chama de “forças poéticas do hemisfério românico”, a saber:
   a) O movimento lírico do Sul da França – a chamada poesia provençal;
       b)   A floração lírica do Minnesang na Alemanha;
      c)    A poesia dos trovadores do norte da Itália;
      d)  A poética dos árabes da Andaluzia;
Tanto a Região da Galiza quanto no Norte de Portugal, mais especificamente em Santiago de Compostela, vai se firmar uma poesia que tem nesses focos literários as suas raízes.
Há, todavia, em Portugal, uma produção literária de origem nativa, própria do galego e do lusitano, são as chamadas cantigas de amigo. Essas produções líricas remontam períodos antes de Cristo.
AS CANTIGAS DE AMIGO: nesse tipo de canção o eu-lírico é feminino, apesar de serem compostas por trovadores masculinos, são expressões da vida campesina e urbana, “nestas os seus autores permanecem fieis à tradição poética da primitiva România, em que a mulher era o agente e o tema dessa poesia.”.

Texto original de uma cantiga de trovadoresca
CARACTERÍSTICAS
A mulher:  tanto na Galiza quanto em Portugal a mulher era representada pelas meninas casadoras, que sofrem de saudades pelo amigo (amante) que fora combater o mouro invasor.
O doce realismo:
       a)   A vida no campo, com todas as sugestões da natureza;
      b)    A vida burguesa e o ambiente doméstico, representado sobretudo pelas relações com a mãe e as irmãs mais velhas;
     c)    Pequenos dramas e situações da vida amorosa das donzelas.
Imagética e temática
a)      As árvores, as fontes, os cervos do monte, os rios e o mar;
b)      As despedidas ou encontros de regresso com o amigo (amante);
c)       A mãe severa e vigilante.
d)      As mil e uma conjeturas sobre o atraso do amado;
e)      As reuniões festivas à frente das igrejas;
f)       As romarias;
g)      Os presentes oferecidos pelo namorado;
h)      Um suave saudosismo – a saudade galego-portuguesa.
S. Spina propõe uma classificação a essas cantigas conforme o assunto abortado. Dessa forma tem-se:
  a) CANTARES DE AMIGO EXCLUSIVAMENTE AMOROSOS: em que a donzela nos narra a separação do amigo e as circunstâncias que envolvem a partida. Veja o exemplo.

amiga, bem sei do meu amigo
que é mort’ ou quer outra dona bem,
ea nom m’envia mandado, nem vem,
e quando se foi, posera comigo
que se veesse logo a seu grado,
senon, que m’enviasse mandado.

A mim pesou, quando s’ ia,
E comecei-lhi enton a preguntar:
Cuidades muit’ amig’ Alá morar?
E jurou-me El par santa Maria
Que se veesse logo a seu grado,
Senon, que m’ enviasse mandado.

U estava comigo falando,
dixi-lh eu: que farei se vos non vir,
ou se vosso mandado non oír
ced’? enton jurou-me el chirando
que se veesse logo a seu grado,
senon, que m’ enviasse mandado.
(SANCHO SANCHEZ –clérigo de origem galega, deve ter vivido entre os reinados de Fernando III e Afonso X)
 b) CANTARES DE ROMARIA: em que a donzela convida companheiras, a irmã ou mesmo a mãe, para peregrinação a santuários, importantes pontos de referência para encontros e bailados. 

Mia irmana fremosa, treides comigo
A La igreja de Vig’, u é o mar levado
E miraremos lãs ondas!

A lá igreja de Vig’, u é o mar salido,
E verrá i mia madr’ e o meu amigo:
E miraremos las ondas!

A La igreja de vig’, u o mar levado,
E verrá i mia madr’e o meu amado:
E miraremos las ondas!
(MARTIM CODAX – jogral da época de Afonso III, Martim Codax parece haver participado. Se caracteriza por um delicioso primitivismo poético )
     c) PASTORELAS: nas quais o ambiente é rústico, não palaciano como na cantiga de amor, há nela a presença da pastora.

Oi oj’eu ua pastor cantar,
Du cavalgava per ua ribeira,
E a pastor estava i senlheira,
E ascondi-me póla ascuitar,
E dizia mui bem este cantar:
‘So ló ramo verde frolido
Vodas fazen a meu amigo,
e choram olhos d’amor”.

E a pastor parecia mui bem
E chorava e estava cantando;
E eu mui passo fui mi-achegando
Póla oír, e sol non falei ren;
E dizia este cantar mui bem:
“Ai estorninho do avelanedo,
 cantades vós, e moiro e peno,
e d’amôres hei mal!”

E eu oi-a sospirar enton,
E quixava-s’, estando com amôres,
E fazi ua guilarnda de flores;
Dês i chorando mui de coraçon
E dizia este cantar enton:
“Que coita hei tan grande de sofrer!
Amar amigo e non o ousar veer,
E pousarei so l’avelanal”.

Pois que a guirlanda fez a pastor,
Foi-se cantand’, indo-s’ em manselinho
E tornei-m’ eu logo a meu caminho,
Ea de nojar non houve savor
E dizia este cantar bem a pastor:
“Pela ribeira do rio cantando
Ia La virgo d’amor: quem amôres
Há como dormirá, ai bela frol!”
(AIRAS NUNES, de SANTIAGO – também clérigo como Sancho Sanches, foi dos mais notáveis do seu tempo)
  d) BAILADAS: que versam o tema da dança e os incidentes sentimentais que ela suscinta.

Bailemos nós já todas três, ai amigas,
So aquestas avlaneiras frolidas,
E quem for velida, como nós, velidas,
Se amigo amar,
So aqestas avelaneiras frolidas
Verrá bailar.

Bailemos nós já todas três, ai irmanas,
So aqueste ramo destas avelanas,
E quen for louçana, como nós, louçanas,
Se amigo amar,
So aquesto ramo destas avelanas
Verrá bailar.

Por Deus. Ai amigas, mentr’al non fazemos.
So aqueste ramo frolido bailaremos,
E quem bem parecer, como nós parecemos
Se amigo amar,
So aqueste ramo so l[o] que nós bailemos
Verrá bailar.
(AIRAS NUNES, de SANTIAGO)

    e) BARCAROLAS OU MARINHAS: cujo temário é extraído da vida marítima.

Per ribeira do rio
Vi remar o navio,
E sabor hei da ribeira.

Per ribeira do alto
Vi remar o barco
E sabor hei da ribeira.

Vi remar o navio:
I vai o meu amigo,
E saor hei da ribeira.

Vi remar o barco:
I vai o meu amado,
E sabor hei da ribeira.

I vai meu amigo,
Quer-me levar consigo,
E sabor hei da ribeira.

I vai o meu amado,
Quer-me levar de grado
E sabor hei da ribeira.
(JOÃO ZORRO – deve ter vivido a serviço de El-Rei D. Afonso II)
ESTRUTURA DAS CANTIGAS DE AMIGO: é um tipo simples, folclórica, composta para recitação em coral, versos parelhados na forma e no conteúdo, seguidos de refrão. É a chamada estrutura paralelística.
No ano de 1290, o rei trovador português, D. Dinis, criou a universidade Portuguesa. Esse fato foi importante porque é  partir daí que essa composição jogralesca começa  a entrar em declínio. Em seu lugar vai surgindo um tipo de produção mais culta surgida na Região da Provença,no Sul da França, é a cantiga de amor.

A CANTIGA DE AMOR: composição em que o eu-lírico é masculino. Tem sua origem no ambiente refinado da corte. S. Spina assim define esse tipo de produção:
“Os cantares d’amor, de procedência provençal, refletem um estilo de vida diferente: constituem um retrato da vida feudal da corte, portanto expressão de um meio culto, refinado, comprometida pelo convencionalismo da vida palaciana e com evidentes influencias da cultura clássica.”

FORMA: temos portanto um tipo de composição mais refinado do ponto de vista formal. Não há na cantiga de amor a estrutura paralelística encontrada na cantiga de amigo, nem o refrão jogralesco.

TEMÁTICA:  há uma constância no tema, o que pode deixar a leitura dessas cantigas um pouco monótona. Seu tema gira em torno da coita amorosa. O sofrimento do homem por ser amor incorrespondido por uma mulher, geralmente uma dama da corte casada. A mulher é vista de forma idealizada, é um ser inatingível. O trovador sente prazer nesse pesar. Essa característica da poesia primitiva portuguesa do século XV vai servir de base para a produção poética do século XVI, sobretudo no lirismo amoroso de Camões.
A cantiga de amor torna-se oficial em Portugal, uma vez que recebe a proteção real, sendo, muitas vezes, o próprio rei um trovador.
CARACTERÍSTICAS:
·         Amor inabordável e incorrespondência da mulher;
·         Vassalagem amorosa;
·         A sensação de que o amor é uma prisão;
·         O objeto amado visto como uma fortaleza que deve ser assediada para rendição;
·         A ideia de que o drama sentimental tem causa e consequência mediatas e imediatas;
·         Um conjunto de fórmulas estilísticas e outros aspectos da concepção amorosa;
·         A análise do drama amoroso é mais profundo e o requinte artístico mais procurado;

CANTIGA DE AMOR

Vós me defendestes, senhor,
Que nunca vos dissesse ren
De quanto mal mi por vós ven,
Mais fazendo-me sabedor,
Por Deus, senhor, a quen direi
Quam muito mal [lev’ e] levei
Por vós, s non a vós, senhor?

Ou a quen direi o meu mal,
Se o eu a vós non disser?
Pois calr-me non m’ é mester
E dizer-vo-lo non m’ er Val.
E, pois tanto mal sofr’ assi,
Se com vosco non falar i,
Por quen saberdes meu mal?

Ou a quen direi o pesar
Que mi vós fazerdes sofrer,
Que mi vós non fôr  dizer,
Que podedes conselh’i dar?
E, por em, se Deus vos perdon,
Coita dêste meu coraçon,
A quen direi o meu pesar?

(D. Dinis – trovador rei de Portugal)

AS CANTIGAS DE ESCÁRNIO E MALDIZER: fugindo a regra das composições líricas, quer seja nas cantigas de amigo ou nas cantigas de amor, há outro tipo de composição poética nesse período, cujo objetivo é tecer uma crítica falando mal ou escarnecendo publicamente alguém.

Veja abaixo a mais famosa dessas canções de escárnio e maldizer

Ai dona fea! Fostes-vos queixar
Porque vos nunca louv’em meu trobar
Mais ora quero fazer un cantar
En que vos louvarei tôda via
E vêdes como vos quero loar:
Dona fea, velha e sandia!

Ai dona fea! Se Deus me perdon!
E pois havedes tan gran coraçon
Que vos eu loe em esta razon,
Vos quero já loar tôda via;
E vedes qual será a loaçon :
Dona fea, velha e sandia!

Dona fea, nunca vos eu loei
En meu trobar, pero muito trobei;
Mais ora já un bon cantar farei
En que vos loarei tôda   via;
E direi-vos como vos loarei:
Dona fea, velha e sandia!
 (JOÃO GARCIA DE GUILHARDE)
 Esse período é chamado de trovadorísmo, do verbo trovara que significa cantar. Não havia ainda separação entre a poesia e a música. As composições, cantigas, eram feitas para serem cantadas. 


BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
SPINA, Segismundo – PRESENÇA DA LITERATURA PORTUGUESA – Era Medieval

Reis, Eliana Vilela dos – Manual Compacto de Arte / 1ª Ed. São Paulo: Rídeel, 2010


*O MODERNISMO BRASILEIRO


No ano de 1922, quando dos 100 anos da proclamação da independência do Brasil, um grupo de poetas paulistas composto por: Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Menotti  Del Picchia, Guilherme de Almeida, Sérgio Millet, Cassiano Ricardo e Raul Bopp organizou a Semana de Arte Moderna, no Teatro Municipal de São Paulo, o Futurismo do francês Marinetti já era um movimento tardio e, em parte, superado na Europa. Mesmo assim, não deixaram nossos artistas de serem chamados de Futuristas  No entanto, Mário de Andrade em artigo publicado no terceiro número da revista Klaxon rebateu essa relação feita entre eles e o grupo de Marinetti. Mário Silveira Brito analisando o caso afirma “Mário de Andrade acentua sua discordância com vários pontos do manifesto futurista, para aceitar na totalidade apenas os 5º e o 6º.” (A Literatura no Brasil, Afrânio Coutinho, vol.5). O próprio Mário de Andrade afirma “Se [...] aceitamos o manifesto futurista, não é para segui-lo, mas para compreender o espírito de modernidade universal” (idem).
O grande líder intelectual desse primeira fase do Modernismo foi de fato Mário de Andrade “dele é o primeiro livro da corrente publicado, não só em São Paulo como em todo o Brasil: Paulicéia Desvairada (1922).” Trata-se de um poema em versos na maioria livres, a moda de uma cantiga de escárnio no qual o poeta faz duras críticas à cidade de São Paulo.
Dois anos após a SAM, o grupo organizador começa a se desfazer em vários outros grupos que vão marcar esse período de 1922 a 1930, que fica conhecido como a Fase de Ruptura.
Assim teremos, o movimento Pau-Brasil que surge por volta de 1924, liderado por Oswald de Andrade. O grupo Verde-amarelo, formado por Menotti Del Picchia, Cassiano Ricardo, Plínio Salgado e Raul Bopp. Em 1927 surge, desse mesmo grupo, a “revolução Anta”, lideram esse grupo Menotti Del Picchia e Cassiano Ricardo. Em 1928, Tarsila do Amaral pintou um quadro que Oswald de Andrade chamou de “Abapuru” (o antropófago, aquele que se alimenta de carne humana). Em torno desse quadro, Oswald e Raul Bopp fundam o movimento Antropofágico.
De 1930 a 1945 vai acontecer a segunda fase Modernista chamada de Fase de Extensão, ou Pós-modernismo. De 1945 em diante teremos a Fase Esteticista.
Essas fases correspondem a geração que não são secções na nossa história artística literária, mas uma influi sobre a outra. Nas próximas postagens estaremos nos detendo a cada um dos movimentos que surgiram durante a primeira fase.

Trecho de Paulicéia Desvairada





Os caminhões rodando, as carroças rodando,
rápidas as ruas se desenrolando, 
rumor surdo e rouco, estrépitos, estalidos...
E o largo coro de ouro das sacas de café!... (...)
Oh! este orgulho máximo de ser paulistanamente!!!




Bibliografia consultada
A Literatura no Brasil / direção Afrânio Coutinho: co-direção Eduardo de Faria Coutinho – 4ª Ed. Ver. E atul. – São Pauo: Global, 1997pag. 43 – 225.

* O GRUPO DA POESIA PAU BRASIL



Entender a importância que teve Oswald de Andrade para a renovação de nossa poesia é necessário primeiro entender um pouca da poética clássica. Simplificando o termo poética podemos dizer que seja o conjunto de normas e regras a serem seguidas como cânones em determinadas épocas. A poesia clássica é marcada principalmente pelo uso de temas clássicos e formas fixas de poemas (soneto, elegia, ode, rendol, etc). Além de se manter fiel a uma série de normas quanto a temática e as formas, o poeta deveria seguir a risca a medida dos versos. Dentre as medidas poéticas, ou metrifica, as mais usadas foram as redondilhas menor, com versos de cinco sílabas poéticas, as redondilhas maior com sete sílabas poéticas, os versos decassílabos, ou medida nova com dez sílabas poéticas, e os versos alexandrinos com doze sílabas poéticas.   Para se ter uma ideia do que isso significa, basta lembrar que Os Lusíadas, de Luis Vaz de Camões, que é um poema épico, possui 8.816 versos, todos eles são versos decassílabos.
O Movimento Modernista, que no Brasil seu ápice foi a Semana de Arte Moderno, teve como aspiração romper com toda essa forma de fazer poesia. Uma das novidades desse movimento foi o verso livre, idealizado pelo movimento Futurista europeu, versos que não seguiam nenhuma medida. Muitas das inovações das chamadas Vanguardas Europeias haviam sido incorporadas pelos poetas brasileiro. Isto é, nós estávamos pretendendo uma renovação nas nossas artes, mas importando ideias da Europa. 
Justamente por perceber isso que, Oswald de Andrade tornou-se um grande ícone nesse momento de nossa literatura. Ele junta um grupo de poetas e cria um movimento chamado de O Movimento da Poesia Pau-Brasil. Nome meio esquisito esse, não? Esquisito sim, todavia com uma grande simbologia. Ele é quem dá a explicação: "Pensei em fazer uma poesia de exportação e não de importação, baseada em nossa ambiência geográfica, histórica e social. Como o pau-brasil foi a primeira riqueza brasileira exportada, denominei o movimento de Pau-Brasil". Em 1925, lança em Paris os pilares dessa sua poética, por assim dizer, no livro Pau-Brasil e em 1927, em Primeiro caderno do aluno de poesia Oswald de Andrade"...queria uma poesia primitiva, correspondente ao exotismo europeu, pelo qual optara em rejeição a cubismo e super-realismo". (RAMOS, A Literatura no Brasil - Era Modernista). 
Ao invés dos temas clássicos,  a mitologia grega-romana, por exemplo, Oswald vai buscar o primitivismo brasileiro. Com essa intenção é que versifica trechos da carta de Pero Vaz de Caminha. Veja uma estrofe abaixo em versos livres:

"Há águias de sertão
E emas tão grandes como as de África
Umas brancas e outras malhadas de negro
Que com uma asa levantada ao alto
Ao modo de vela latina
Correm com o vento."

Genial, não? José Oswald de Andrade nasceu em Saõ Paulo no ano de 1890, formou-se em Direito pela Faculdade de São Paulo em 1919. Mas foi como escritor de literatura que se consagrou. Dirigiu O Homem do Povo, fundou O Pirralho e foi um dos chefes organizadores da Semana de Arte Moderna. O que mais dizer desse homem agoniado e inquieto? Panfletário, crítico, ensaísta, romancista, contista, poeta, polemista. 

Bibliografia Consultada
A Literatura no Brasil / direção de Afrânio Coutinho; co-direção Eduardo de Faria Coutinho. - e ed. rev. e atul. - São Paulo: Global, 1997.

De Nícola, José, 1947 - Análise e Interpretação de Poesia / José de Nícola, Ulisses Infante - São Paulo: Scipione, 1995. - (Coleção margens e texto)


* O CUBISMO


TODO AMARELO MORRE DO VERMELHO AO VERDE - UM POUCO DE LITERATURA

Guillaume Apolinaire


Guillaume Apollinaire (1880-1918) foi um desses espíritos loucos que nascem numa linhagem torta, vivi uma vida mais torta ainda, mas que consegue superar tudo isso e transformar a sua indignação em arte. Arte de primeira linha, vanguardista, transformadora. Após várias peripécias, inclusive viajar pela Europa fingindo-se príncipe, Wilhelm Albert Włodzimierz Apolinary de Wąż-Kostrowicki foi parar em París, onde mais tarde mudou o nome para Guillaume Apollinaire, adquiriu a cidadania francesa na guerra de 1914 e torna-se marechal das tropas francesas. 

Foi um grande crítico da literatura de seu tempo. Ficou bastante conhecido por escrever poemas sem usar nenhuma pontuação. Criou o termo surrealismo, escreveu vários manifestos, adotou e divulgou o cubismo. 

Janelas abertas simultaneamente - do pintor cubista Robert Delaunay 
Um de seus poemas mais conhecidos é “As janelas” poema esse com interessante história. Robert Delaunay, pintor cubista amigo de Apollinaire, estava para fazer uma exposição de suas telas cubistas, Apolinaire foi convidado a escrever algo no catálogo da exposição. Após detida análise da tela “Janelas abertas simultaneamente”, o poeta escreveu “As janelas”. 

Observa-se que a obra escrita é quase uma transcrição daquilo que se observa na tela pintada. A imagem fragmentada da realidade, as formas geométricas são as principais características desse movimento de vanguarda que ficou conhecido como Cubismo.


JANELAS

Todo o amarelo morre do vermelho ao verde

Quando as araras cantam nas florestas nativas

Miúdos de pir-rís

É preciso escrever um poema sobre o pássaro de uma asa só

Vamos enviar por telefone

Traumatismo gigante

Faz os olhos correrem

Repare naquela moça bonita que passa entre as mulheres de Turim

O pobre rapaz assoa o nariz na sua gravata branca

Você vai erguer a cortina

E eis que a janela se abre

Aranhas quando minhas mãos teciam a luz

Beleza palidez insondáveis violetas

Em vão tentaremos um cochilo

Começaremos à meia-noite

Onde se tem o tempo tem a liberdade

Mexilhões Bacalhau múltiplos Sóis o Ouriço do poente

Um par de velhas botas amarelas na janela

Torres

Torres são ruas

Poços

Poços são praças

Poços

Árvores ocas abrigando mestiços vagabundos

Mulatos cantam cantigas que matam

Mulatos barulhentos

E o ganso trompeteia seu ruá-ruá rumo ao norte

Onde caçadores de guaxinim

Raspam as peles da caça

Vancouver

Diamante brilhante

Onde o trem branco de neve e seus fogos noturnos fogem do inverno

Ô Paris

Todo o amarelo morre do vermelho ao verde

Paris Vancouver Hyères Maintenon New-York Antilhas

A janela se abre como laranja

Bonito fruto da luz


GUILLAUME APOLLINAIRE

Tradução: Rodrigo Garcia Lopes

1- Pihi, pássaro fantástico da lenda chinesa que teria um olho e uma asa, o que o obrigava a voar sempre em pares: o macho à direita, a fêmea à esquerda. Em vários poemas Apollinare se refere à fauna e seres imaginários.
2_ Referência a dois jornais de Paris da época de Apollinaire, O Tempo e A Liberdade.

*MACHADO DE ASSIS


ESAÚ E JACÓ – ANÁLISE DA OBRA




1.       SOBRE A OBRA
Apesar de publicada em 1904, período literário brasileiro que ficou conhecido como Pré-Modernismo, a obra machadiana       ESAÚ E JACÓ foi escrita com toda a fidelidade aos moldes clássicos do Realismo-Naturalismo de Machado de Assis. No entanto, diferentemente de DOM CASMURRO e do clássico conto A CARTOMANTE, obras nas quais Machado explora um dos principais temas do Realismo-Naturalismo, o adultério feminino, essa será voltada para temas políticos e sociais como a abolição da escravatura e a proclamação da república. Talvez, o eterno conflito entre os gêmeos seja uma alegoria às disputas entre conservadores e liberais, que vão fervilhar a vida política do país naquele momento, última metade do século XIX, onde a obra é ambientada.
Segue, portanto, uma estrutura clássica, dividida em capítulos, enumerados em algarismos romanos, fazendo citações da mitologia, embora usando da ironia, marcante em Machado de Assis. Além disso, a linguagem é bastante rebuscada, seguindo as normas cultas da língua, não tendo nenhum compromisso em buscar a linguagem real das personagens, mesmo quando essas são das camadas populares e classes sociais diferentes. A não ser no caso da toada cantada pelo pai da cabocla, enquanto ela fazia as adivinhações para Natividade, onde o refrão representa a fala da quebradeira de coco.

Menina de saia branca,
Saltadeira de riacho,
Trepa-me neste coqueiro,
Bota-me os cocos abaixo.
          Quebra coco, sinhá,
           Lá no cocá,
Se te dá na cabeça,
            Há de rachá;
Muito hei de me ri,
Muito hei de gostá,
Lelé, cocô, naiá.

Sendo escrita no período em que convalescia dona Carolina, esposa de Machado, a crítica literária faz uma relação de um certo tom melancólico e amargurado da obra, com o momento difícil no qual o autor vivia. Cabe lembrar, que essa foi a penúltima obra escrita por Machado de Assis.
A narrativa começa com a visita da mãe dos gêmeos, Natividade, a uma cabocla que tem supostos poderes de adivinhar o futuro. A crença da mãe e sua confiança nas palavras da vidente faz lembrar a ingênua Rita de A Cartomante, ao consultar aquela para saber se seu romance com Vilela era sabido do marido Camilo.
Veja a parte final do diálogo que a mãe teve com a cabocla.

“_Então? Diga, posso ouvir tudo.
Bárbara, cheia de alma e riso, deu um respiro e gosto. A primeira palavra parece que lhe chegou à boca, mas recolheu-se ao coração, virgem dos lábios dela e de alheios ouvidos. Natividade insistiu pela resposta, que lhe dissesse tudo, sem falta...
_Coisas futuras! _murmurou finalmente a cabocla.
_ Mas, coisas feias?
_Oh! Não! Não! Coisas bonitas, coisas futuras!
_ Mas isso não basta; diga-me o resto. Essa senhora é minha irmã e de segredo, mas se é preciso sair, ela sai; eu fico, diga-me a mim só... Serão felizes?
_ Sim.
_ Serão grandes?
_ Serão grandes, oh! Grandes! Deus há de dar-lhes muitos benefícios. Eles hão de subir, subir, subir ... brigaram no ventre de  sua mãe, que tem? Cá fora também se briga. Seus filhos serão gloriosos. É só o que lhe digo. Quanto à sua qualidade da gloria, coisas futuras!”

Veja que assim como em A Cartomante, a vidente apenas diz o que a mulher quer ouvir, formulando suas respostas conforme lhes são feitas as perguntas. 

2.       COM RELAÇÃO AO TÍTULO
O título ESAÚ E JACÓ é uma alusão aos gêmeos bíblicos filhos de Isaac, que brigam no ventre da mãe antes do nascimento, e que, segundo consulta que a mãe fizera a Deus, seriam pai de duas grandes nações inimigas, representadas hoje pelos judeus e palestinos. Os gêmeos do romance chamam-se Paulo e Pedro, nome dado pela tia Perpétua, em homenagem aos dois maiores apóstolos do cristianismo. Assim como aqueles foram grandes homens, esses também hão de ser.
3.       O NARRADOR
A autoria da história é atribuída ao Conselheiro Aires, sendo encontrada entre seus manuscritos: seis volumes de um Memorial mais um livro com o título Último. As obras são encontradas depois que a personagem morre e estão caprichosamente encadernadas. O narrador é, portanto, uma personagem da história, trata-se de um narrador-personagem intruso; aquele tipo que interrompe constantemente a narrativa para incluir juízo de valor nela. Mas, por ser personagem é limitado pelo foco narrativo na primeira pessoa. Como fica claro nesse trecho: “Apesar de não sair, Pedro não a buscava sempre, nem ela ia muita vez à casa da praia. Não se viam dias e dias. Que pensassem um no outro, é possível; mas não possuo o menor documento disto.” É, todavia, um narrador marcado fortemente, pelo próprio autor da obra – Machado de Assis.

4.       AS PERSONAGENS
São personagens tipos. Cada uma representa um tipo social: os jovens estudantes abastados, o banqueiro, o político, o diplomata, a velha viúva, a mãe cuidadosa, a moça, a esposa avarenta, o irmão das almas que se torna um rico capitalista, de modo meio obscuro.
4.1. Os Gêmeos: são personagens mais alegóricas, não há nenhuma profundidade na análise dessas personagens. Suas complexidades se dão mais quando comparados um ao outro: fisicamente iguais ideologicamente diferentes. Pedro será conservador, defendendo a monarquia, Paulo, liberal, defendendo a república; mais tarde, quando já implantada a república, Pedro, o conservador monarquista, aceita o novo regime, Paulo, que antes defendia, vai fazer-lhe oposição. Paulo torna-se advogado, Pedro, médico. Por fim os dois tornam-se deputados de por partidos que se opõem.  A narrativa termina com os dois brigados, sem que o narrador saiba nos dizer o motivo. São essas as palavras do conselheiro Aires “_Mudar? Não mudaram nada; são os mesmos”.  O conflito é algo natural entre eles. Parece um fado, um determinismo ao qual não podem escapar. Nasceram para serem rivais, não importa o motivo da rivalidade, o importante é estarem em contenda, cada um se achando o único e vendo no irmão algo a ser desprezado, não no físico, por serem semelhantes, mas nas convicções. Em nenhum momento há sofrimento em qualquer um deles por causa disso. São, portanto, personagens planas, sem conflitos. Se por um lado Flora agonia-se sem ter como decidir entre um e outro a qual entregar o seu amor, nenhum deles se dispõe em ceder um milímetro que seja ao outro.
4.2. Flora: Objeto de amor e disputa entre os gêmeos, acaba alucinada por não decidir entre um e outro. Flora é uma personagem complexa. É o que conselheiro Aires chama de“uma moça inexplicável”. Ela é assim apresentada no capítulo XXXI:

Tinham uma filha única, que era tudo o contrário deles. Nem a paixão de D. Claudia, nem o aspecto governamental de Batista distinguia a alma ou a figura da jovem Flora. Quem a conhecesse, por esses dias, poderia compará-la a um vaso quebradiço ou à flor de uma só manhã, e teria matéria para uma doce elegia.”

Mais adiante, no capítulo LIX, Aires faz-lhe essa descrição:

“acho-lhe um sabor particular naquele contraste de uma pessoa assim, tão humana e tão fora do mundo,tão etérea e tão ambiciosa, ao mesmo tempo, de uma ambição recôndita...”

Para em seguida desabafar:

“Que o diabo a entenda, se puder; eu, que sou menos que ele, não acerto de a entender nunca.”

Ama igualmente aos dois irmãos, sente igualmente a falta tanto de um quanto de outro, tem prazer na presença de ambos. Apesar de dividida por esse amor, o narrador lança sobre ela a suspeita de um amor confuso, quase, penso eu, querendo deixar transparecer nela atração homossexual pela mãe dos gêmeos a baronesa Natividade. Veja esse trecho: “Pai nem mãe podia entendê-la, os rapazes também não, e talvez Santos e Natividade menos que ninguém. Tu, mestra de amores ou aluna, deles, tu, que escutas a diversos, concluís que ela era...” É assim mesmo que termina com o uso das reticências. Mais na frente diz “Pitangueira não dá manga. Não, Flora não dava para namorados.” O verbo dar, aqui, está no sentido de “levar jeito”. Alguém pode interpretar da seguinte forma: Flora não namoraria mais de um rapaz, ou ainda, Flora não tem jeito para ter namorados, (cap. LXX). No capítulo CV quando Flora está convalescendo, e Natividade lhe faz companhia há esse trecho:
“Veio visitar a moça, e, a pedido desta, ficou alguns dias. _ Só a senhora me pode curar, disse Flora; não creio nos remédios que me dão. As suas palavras e que são boas, e os seus carinhos...”

Veja novamente o uso das reticências, isso é muito significativo. No capítulo LXXXIV, lê-se:
“Flora cada vez gostava mais de Natividade. Queria-lhe como se ela fosse sua mãe, duplamente mãe, uma vez que não escolhera ainda nenhum dos filhos. A causa podia ser que as duas índoles se ajustassem melhor que entre Flora e D. Claudia. A princípio, sentiu não sei que inveja amiga, antes desejo, quando via que as formas da outra, embora arruinadas pelo tempo, ainda conservavam alguma linha da escultura antiga.”

Sofreria a menina Flora apenas de carência materna ou quis maldosamente o narrador deixá-la sob suspeita como Bentinho deixou Capitu em Dom Casmurro, sendo essa de adultério e aquela de lesbianismo?
Assim termina a personagem mais complexa da história:

“A morte não tardou. Veio mais depressa do que se receava agora. Todas e o pai acudiram a rodear o leito, onde os sinais da agonia se precipitavam. Flora acabou como uma dessas tardes rápidas, não tanto que não façam ir doendo as saudades do dia; acabou tão serenamente que a expressão do rosto, quando lhe fecharam os olhos, era menos de defunta que escultura. As janelas, escancaradas, deixavam entrar o sol e o céu.”

A morte de Flora no capítulo CVI, não põe fim a disputa entre os irmão que continuam a disputar quem a visita mais cedo ao cemitério, quem se demora mais na visita.

4.3. Natividade: é a personagem tipo mãe protetora. A preocupação com os filhos é tão grande que a faz procurar a vidente para saber-lhe o futuro e fia-se nas palavras vagas como se fosse uma profecia divina a ser cumprida: “coisas futuras”, “serão grandes”. No penúltimo capítulo da narrativa, “vai morta a velha Natividade”, “morreu de tifo”. Poucas semanas antes de sua morte, Natividade participa da posse dos filhos as cadeiras de deputados, o narrador fez a seguinte ponderação:
Natividade não quis confessar qje a ciência não bastava. AA glória cientifica parecia-lhe comparativamente obscura; era calada, de gabinete, entendida de poucos. Política, não. Quisera só a política, mas que não brigassem, que se amassem, que subissem de mão dadas... Assim ia pensando consigo, enquanto Aires, abrindo mão da ciência, acabou declarando que, sem amor não se faria nada.”
A vida de Natividade vai ser movida por esses dois objetivos: unir os filhos e vê-los grandes homens.

4.4.  O Conselheiro Aires: a mais intelectual e experiente de todas as personagens da narrativa. Diplomata aposentado, elegante e inteligente. Observa, e, em certo ponto, manipula as pessoas que o cerca. Toma nota de tudo o que acontece no dia a dia de seu ciclo de amizade, escrevendo o seu Memorial. Não gosta, no entanto, de se meter em discussão, por isso prefere sempre concordar com o que as pessoas dizem. Isso pode ser considerado um ato de desprezo, como se nada tivesse com o que acontece com o outro, como se fora apenas um observador de tudo, um deus transcendental e não um ser humano imanente. Não tem conflito, chega até a ter consciência de sua missão cumprida na vida, já velho, aposentado, prepara-se para deixar a vida sem nenhum desespero nisso.
4.5. Santos: é o típico capitalista, bancário, preocupa-se apenas em obter lucros e status. Assim consegue o título de barão. É o pai provedor de tudo que a família precisa. Espírita, prefere os conselhos do mestre Plácido as palavras da vidente. Fica meio apagado do meio para o fim da história. Personagem plana sem conflitos.
4.6.   Os Batistas: são os país de Flora, essa é a importância deles na narrativa. São apresentados a partir do capítulo XXIX. “Batista, o pai da donzela, era homem de quarenta e tantos anos, advogado do cível, ex-presidente de província e membro do partido conservador”. É um político desarticulado que tenta a indicação a qualquer custo, motivado pela mulher, D. Cláudia, a indicação para presidência de uma província. Mais tarde, quando os liberais assumem o poder, seguindo aos conselhos de D. Cláudia, declara-se liberal. Na iminência que receber uma indicação para uma província do norte, é proclamada a república e muda todo o quadro político. Ele e a esposa vão lamentar os fatos. Não há conflito de consciência entre eles.
4.7. As demais personagens que aparecem são mais para completar o quadro que se emoldura em torno dessas personagens principais.  Todavia, entre essas personagens menores, há o Nóbrega, no princípio da história, o irmão das almas, que mendigava moedas para missas das almas. E que após receber de Natividade uma doação de 2 mil-réis, prefere embolsar essa quantia a entregá-la ao sacristão. Daí desparece da narrativa, vindo aparecer como um rico capitalista, já no final da história e se propõe a casar com Flora quando essa está na casa da irmã do conselheiro. Como veio a transformar a doação feita pela Baronesa em fortuna não fica claro na história narrada.
5.       O ESPAÇO E O TEMPO DA NARRATIVA: como quase todas as narrativas machadianas o espaço onde se ambienta a história é o centro urbano carioca. Temos um tempo histórico cronológico bem definido, segunda metade do século XIX até o início da República, com o governo de Floriano Peixoto.

ESAÚ E JACÓ é uma obra sensacional que merece ser lida e relida. Um fator a diferencia das demais obras de Machado os fatos históricos que vão nela se desenrolando. A abolição, a republica, as disputas pelo poder. Fica uma crítica bem ao estilo machadiano quando do desenrolar dos fatos: a vida seguia normalmente porque por aqui as mudanças eram só de fachada como aconteceu na Confeitaria Imperial de seu Custódio.    
Aurismar Lopes Queiroz, licenciado em Letras pela Universidade federal do Pará, especialista em Estudos Linguísticos e Análise Literária pela Faculdade de Ciências Humanas de Vitória. 

Um comentário:

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